O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
O Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) formalizou ao presidente Jair Bolsonaro a decisão de liquidar a Ceitec, empresa de microeletrônica sediada em Porto Alegre. A medida foi publicada no Diário Oficial da União nesta sexta-feira (17). O texto indica que o PPI "opina favoravelmente pela dissolução societária" da companhia pública.
Ou seja, o documento serve para reforçar a posição do órgão a respeito do futuro da empresa. A partir de agora, as discussões do governo têm de avançar até uma definição de Bolsonaro.
No texto, o PPI também recomenda ao presidente a "publicização" de atividades da Ceitec. A expressão, na prática, representa a possibilidade de criação de uma organização social (OS) – tipo de associação privada que pode receber subvenção do Estado para prestar serviços.
A OS serviria para preservar ao menos parte das operações e do patrimônio intelectual. Mesmo assim, parte das fontes que acompanham o assunto vê incertezas na capacidade de manutenção de talentos no Estado.
A confirmação do PPI ocorre em meio a movimento que busca preservar a Ceitec no modelo atual. Na segunda-feira (13), representantes dos funcionários da empresa, políticos e lideranças de parques tecnológicos avaliaram, em encontro virtual, o possível rumo das operações.
Na reunião, a Associação dos Colaboradores da Ceitec (ACCeitec) manifestou contrariedade à proposta do governo de liquidar a companhia, que desenvolve itens como chips. Na visão da entidade, a Ceitec é "estratégica" para atrair investimentos de empresas privadas ao Estado.
A intenção de liquidar a companhia foi anunciada em junho pelo secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, Salim Mattar. Na ocasião, o secretário afirmou que a Ceitec "onerava o cidadão pagador de impostos", diante de sucessivos prejuízos.