O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
A intenção da Oi de vender a unidade de telefonia móvel representa mais um dos capítulos do processo bilionário de recuperação judicial da companhia. No sábado (18), foi confirmada oferta conjunta da Vivo, Claro e Tim pelos ativos. O valor da proposta não foi divulgado, mas a Oi espera receber, no mínimo, R$ 15 bilhões. A quantia serviria para aliviar o caixa da empresa, que pediu recuperação judicial em 2016, com dívida de R$ 65 bilhões à época.
Presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude avalia que a proposta tem condições de avançar em razão da forma como foi desenhada:
– A Oi não tem mais recursos para investir na unidade móvel. Ao mesmo tempo, seria quase impossível a Anatel (agência reguladora) aprovar a venda para apenas uma das operadoras, porque levaria a uma concentração de mercado. O valor é alto. Pelo desenho mais equilibrado, a proposta tem chance de ser aprovada.
Se o negócio for concretizado, os ativos devem ser divididos entre as três concorrentes. Na visão de Tude, o possível acerto não traria grandes impactos para os clientes da Oi.
– Acabamos de ver a Nextel sendo comprada pela Claro. Não houve grande impacto para planos de clientes. Do ponto de vista da competição, quanto mais gente, melhor. Mas, em um mercado como o dos Estados Unidos, também há três grandes operadoras – aponta Tude.
Antes de mergulhar em recuperação judicial, a Oi ganhou força com a estratégia do governo Lula (PT) de fortalecer campeãs nacionais em diferentes setores. Antiga Telemar, a empresa avançou no mercado ao anunciar, em 2008, a compra da Brasil Telecom (BrT), que antes havia adquirido a Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT). A Oi seria a "supertele" do país, mas o projeto sucumbiu diante das dificuldades financeiras.