Em reunião com empresários nesta quinta-feira (14), 0 presidente Jair Bolsonaro pediu ajuda para "jogar pesado" contra os governadores e pressioná-los a reabrir o comércio. Era uma videoconferência organizada pelo aliado Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Não era aberta a jornalistas, mas vazou.
– Os senhores, com todo o respeito, têm que chamar o governador e jogar pesado. Jogar pesado, porque a questão é séria, é guerra – afirmou o presidente, sem saber que a conversa seria tornada pública.
Foi no mesmo dia em que havia afirmado, mais cedo, que estava "pronto para conversar" com os governadores, desde que fosse para "rever essa política (de isolamento social)". Enquanto isso, o presidente trava a ajuda a Estados e municípios aprovada em plena noite de sábado pelo Senado porque, afinal, tratava-se de uma emergência.
Oficialmente, o problema seria relacionado a ajustes técnicos até agora não detalhados. Extraoficialmente, estaria esperando a aprovação de reajustes salariais em Estados comandados por aliados, antes de aprovar o congelamento que deve durar 18 meses, até o fim de 2021. Na quarta-feira (13), o Congresso aprovou por 430 a 43 a recomposição salarial de até 25% das Polícias Civil, Militar e do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, com impacto estimado em R$ 505 milhões no orçamento anual.
Na Secretaria da Fazenda do Estado, que esperava para sexta-feira (15) a liberação da primeira parcela da ajuda de R$ 1,95 bilhão, há decepção e frustração, ainda mais no dia em submete ao Legislativo o esboço do orçamento com o maior déficit da história gaúcha.
– Completam-se amanhã (sexta-feira) 60 dias da primeira carta dos secretários de Fazenda alertando para a queda abrupta de ICMS. É decepcionante a demora na sanção de uma lei discutida exaustivamente. Aqui no Rio Grande do Sul, já se acumulam perdas equivalentes a um mês de folha salarial e seguimos sem definição para planejar o fluxo de caixa, gerando ainda mais impactos sociais e econômicos – observou o secretário Marco Aurélio Cardoso à coluna.