Com volume de socorro econômico contra a crise do coronavírus de 2,6% do PIB até agora, abaixo da média do G20, o Brasil precisa ganhar velocidade e intensidade nas medidas contra o impacto da pandemia e das medidas de prevenção, que incluem o distanciamento social e a paralisação de atividades. Depois de assegurar que o volume já anunciado era robusto, o Ministério da Economia tenta recuperar o atraso com novas medidas que estão ganhando corpo nesta semana e informadas de forma isolada.
Como vem fazendo a maioria dos países, amarrar as iniciativas em pacote e mostrar todo o arsenal de uma só vez alivia a incerteza que é inerente à evolução da doença e de seus desdobramentos – ainda que sejam necessários ajustes determinados pela realidade.
Duas das principais têm como objetivo alcançar pontas do setor produtivo até agora fora do radar ou atendidas parcialmente: as grandes empresas que sofreram mais com a paralisação das atividades e as pequenas, que têm maior dificuldade de acesso ao crédito. Mas outras, como uma nova rodada de liberação do FGTS, reforçam que foi preciso recalibrar o tamanho do apoio anterior. Confira as novas iniciativas em preparação:
Apoio a micro e pequenas empresas
É uma iniciativa esboçada desde o final de março, mas ainda não saiu do papel. Começou com R$ 12 bilhões, dobrou para R$ 24 bilhões, agora as necessidades são estimadas em R$ 100 bilhões. A base deve ser o Fundo de Aval para Micros e Pequenas Empresas (Fampe), do Sebrae, que resolveria um problema para esse tipo de empresas: garantias. A base serão recursos do Sistema S, que sofreram corte de 50% para indústria, comércio e campo, mas foram mantidos no Sebrae para alimentar esse fundo. Com garantias, pequenas empresas, que respondem por mais da metade dos empregos no Brasil, saltam um obstáculo na concessão de crédito e garantem acesso a capital de giro, vital para a sobrevivência na crise.
Socorro a aéreas, empresas de energia e grandes varejistas
Com a quase paralisação dos voos, desarrumação no setor de energia e comércio de portas fechadas, o governo prepara financiamento estimado em R$ 48 bilhões a grandes empresas, focado companhias aéreas, empresas de energia e grandes varejistas. Restrito a companhias com ações negociadas na Bolsa, ofereceria financiamento por instrumentos de dívida (como debêntures) conversíveis em ações. Novamente, a palavra-chave é garantia: nesse caso, caso as empresas não tenham condições de pagar a dívida, bancos ficarão com uma fatia do negócio. Há dúvidas sobre o apetite dos bancos por esse tipo de risco, mas é uma tentativa de destravar o socorro.
Nova liberação de FGTS
Depois de autorizar saques de até um salário mínimo (R$ 1.045) do FGTS a partir de junho, o governo já avalia uma nova rodada de liberação de recursos, pensando em faixas salariais superiores que podem ter perda de renda durante a crise. Uma eventual segunda rodada seria focada em quem ganha mais de R$ 5 mil, e poderia variar entre R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões.