A complexa leitura dos episódios relacionados à declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre a permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes contribuiu para nova alta e novo recorde nominal do dólar comercial. A moeda americana fechou a R$ 4,366, resultado de alta leve de 0,18%. Foi a terceira alta seguida, no dia em que a bolsa de valores conseguiu certa recuperação, com alta superior a 1%. Dias de mesmo sinal nos dois mercados de ativos – ou seja, câmbio e Ibovespa em alta – não são frequentes.
No mercado financeiro, operadores e analistas digeriam a sucessão de sinais de que Guedes só não deixou o governo por um triz, irritado com resistências ao envio da reforma administrativa ao Congresso.
Para os investidores, o ministro da Economia é o fiador das políticas econômicas que favorecem o mercado financeiro, e sua eventual saída poderia comprometer as expectativas de retomada da atividade e das perspectivas de ganhos. Além disso, o dólar se valorizou ante a outras moedas, diante de dados de que a economia dos Estados Unidos segue em bom ritmo.
Desde segunda-feira, quando o boletim Focus do Banco Central mostrou nova redução nas expectativas de crescimento do PIB para este ano, também há preocupação com a velocidade da retomada. As primeiras projeções para o resultado do primeiro trimestre de 2020 são bastante modestas, e analistas não descartam sequer um resultado negativo para o período entre janeiro e março. Como o Banco Central também não "piscou" – seu presidente, Roberto Campos Neto, insiste que vai deixar o dólar flutuar –, sobrou espaço para especulação no mercado de câmbio.