O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Às vésperas do Natal, uma decisão do dragão asiático voltou a provocar repercussão na economia mundial. Nesta segunda-feira (23), a China anunciou que reduzirá as tarifas de importação de cerca de 850 produtos a partir de janeiro. A lista vai desde carne de porco a mercadorias industrializadas, como itens farmacêuticos e componentes para aparelhos eletrônicos.
Desde o ano passado, a China encara guerra comercial com os Estados Unidos. Na reta final de 2019, as duas potências ensaiaram trégua, com anúncio de acordo parcial.
A redução das tarifas a partir do próximo ano não guarda relação direta com as negociações costuradas com os americanos. No entanto, pode estimular as vendas de produtos dos Estados Unidos ao país asiático.
Professor da Unisinos, o economista Marcos Lélis avalia que o corte nas taxas reflete duas questões. Por um lado, a redução de tarifas sobre itens do agronegócio, como carne de porco, ocorre devido a necessidades momentâneas dos chineses.
Nos últimos meses, o surto de peste suína africana tem castigado o rebanho local. Com isso, os asiáticos precisam recorrer com mais força a compras de carnes no mercado externo. No Rio Grande do Sul, o apetite chinês provocou alta no preço do churrasco.
A outra questão, segundo Lélis, está relacionada a uma "mudança no padrão de crescimento econômico da China". Isso inclui a importação maior de bens tecnológicos.
– A China busca melhorar seu tecido industrial. Por isso, diminui tarifas sobre equipamentos e bens mais tecnológicos. Absorve essas mercadorias para desenvolver produtos dentro do país.