Depois de, na véspera, a Fiergs ter projetado crescimento de 2% para o Brasil em 2020, a Fecomércio apresentou ontem sua estimativa de alta de 2,4% no PIB do próximo ano. Conforme Marcelo Portugal, assessor econômico da Fecomércio, o número mais generoso não decorreu do aumento acima do esperado de 0,6% no terceiro trimestre, divulgado na terça-feira pelo IBGE, mas de "otimismo" maior no comércio e serviços do que na indústria. Mas o próprio economista tratou de relativizar o entusiasmo:
– É preocupante comemorar crescimento de 2,4%, que é um ritmo abaixo da nossa média medíocre dos últimos anos, de 2,6%. Até podemos festejar, mas pensando que tem de melhorar.
Portugal lembrou da frase do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o Brasil vai conviver com "dólar alto e juro baixo durante um tempo", mas modulou a última palavra. Na sua avaliação, nos próximos seis meses será possível conviver sem sustos com essa situação. Mas advertiu que não é possível garantir esse equilíbrio no longo prazo.
Na sexta-feira (6), avisou, a inflação medida pelo IPCA, índice considerado oficial no Brasil, vai dar um salto. Ainda não será o reflexo do aumentos nos preços da carne e da gasolina, mas de um item popular no Brasil: as loterias da Caixa. O custo da Mega Sena básica, citou, subiu de R$ 3,50 para R$ 4,50 – variação de 28,6%. Com loteria, carne e gasolina, estima Portugal, a inflação acumulada em 2019 deve subir da projeção atual de 2,5% para 3,5% – ainda muito baixa.
Portugal lembrou que os preços estão moderados pelos reflexos da recessão, como o alto desemprego, que não será solucionado tão cedo.
– Se o crescimento em 2020 for de 2,4%, dá para sobreviver um ano sem passagem muito grande para preços. Se for muito maior, será uma outra história. O câmbio sempre puxou a inflação no Brasil.