Foi uma frase, mas para bons entendedores, já basta. A reforma administrativa em preparação no Ministério da Economia deu uma travada.
– Vai aparecer, não sei quando. Mas vai demorar um pouquinho mais ainda – disse ontem
o presidente Jair Bolsonaro ao sair do Palácio da Alvorada.
Havia expectativa de que o conjunto de regras que altera substancialmente a vida dos servidores públicos tivesse sido apresentada há 15 dias. Já encarreirou dois adiamentos, semana após semana. O anúncio era novamente esperado para esta semana, possivelmente amanhã. Agora, o "não sei quando" presidencial parece indicar que não há nenhuma pressa para comprar novas brigas.
Nas duas últimas semanas, a oferta reprimida de reformas ultraliberais do ministro Paulo Guedes foi destravada. Nem os brasileiros nem o Congresso conseguiram terminar de digerir as três propostas de emenda constitucional (PEC) enviadas ao Senado – do pacto federativo, de criação do “estado fiscal de emergência” e de extinção de fundos. Uma das propostas já desafia o funcionalismo nas três esferas – federal, estadual e municipal: permite redução de jornada e de salário, até 25%, quando as despesas ultrapassarem
95% das despesas.
Com a União e a grande maioria dos Estados e municípios no vermelho, o corte poderia ser aplicado imediatamente se a PEC da Emergência Fiscal fosse aprovada. A Medida Provisória 905, que deveria estabelecer regras de criação de empregos, demandará um grande contingente de técnicos do Congresso para ser digerida. A dose foi forte. A reforma terminaria com a estabilidade de servidores como se conhece hoje. O barulho foi adiado.