A informação original é da agência de notícias americana Bloomberg: o governo americano desistiu de apoiar o pedido do Brasil de aderir à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Conforme a Bloomberg, Mike Pompeo, secretário de Estado dos Estados Unidos, rejeitou o pedido de discutir a entrada do Brasil no clube dos países mais ricos do mundo em carta enviada ao secretário-geral da OCDE, Angel Gurria, no dia 28 de agosto. A promessa de apoio do presidente Donald Trump à pretensão brasileira foi usada pelo presidente Jair Bolsonaro para justificar concessões comerciais e institucionais aos Estados Unidos em março.
Uma das condições para a adesão era a renúncia à condição de país emergente para efeitos da Organização Mundial do Comércio (OMC), que dá ao Brasil condições favoráveis em algumas negociações de tarifas de exportação, ou seja, torna produtos nacionais um pouco mais baratos no Exterior, portanto mais fáceis de vender.
A entrada na OCDE é um dos projetos mais caros do Planalto. Une, por exemplo, o Ministério da Economia e o Ministério da Casa Civil, nem sempre 100% afinados quanto a metas de governo. Uma das justificativas é a de que a situação de país-membro da OCDE obrigaria o Brasil a ter de aderir a certas regras, especialmente econômicas, de forma duradoura. A certeza d a admissão é tanta, no governo, que muitas das medidas legais em preparação no Ministério da Economia já levam em conta as regras da OCDE.
No início do ano, quando o governo revelou o plano de trocar a situação de país em fase intermediária de desenvolvimento do ponto de vista da OMC pela de país-membro da OCDE, especialistas e empresários de comércio exterior manifestaram dúvidas sobre os ganhos da troca. Agora, as concessões feitas pelo Brasil à espera desse apoio ficaram no vácuo: a dispensa de vistos para cidadãos americanos, feita sem a tradicional reciprocidade – liberações econômicas e de trânsito de pessoas costumam ser feitas ao mesmo tempo por duas partes envolvidas na mudança –, a permissão para uso da Base de Alcântara pelos EUA e isenção de tarifas na importação de trigo americano pelo Brasil, entre outras vantagens concedidas antes da confirmação da moeda de troca.
Bolsonaro fez o discurso de "amigo dos EUA", e Trump, certo da amizade incondicional, deixou o colega brasileiro na mão. É uma lição prática que o presidente brasileiro pode aprender: não fazer concessões antecipadas sem ter algo concreto em troca.
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