Na manhã desta quarta-feira (25), o dólar comercial chegou a ser cotado a R$ 4,1936,
a uma fração de centavo do recorde nominal histórico, de R$ 4,1957 alcançados em
13 de setembro de 2018. O que pressiona a cotação é a abertura do inquérito de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pela Câmara dos Deputados, e a atraso na aprovação da reforma da Previdência no Senado.
Embora a possibilidade de Trump ser removido do poder seja considerada remota – a oposição tem maioria na Câmara, mas a situação domina o Senado americano –, o simples exame da hipótese, fora dos radares até o dia anterior, mexe com os humores do mercado. Na avaliação de Álvaro Bandeira, economista-chefe da corretora ModalMais, "o mundo parece estar em momentâneo desalinho e, com isso, cresce a pressão vendedora nos mercados de risco e a aversão ao risco internacional". Nesses momentos, pondera, quem leva a pior são economias emergentes desajustadas e com alta liquidez (rapidez para mudança de posição em investimentos financeiros), como o Brasil.
Se lá fora o clima ficou rarefeito, aqui dentro não melhorou nos últimos dias, nem com o discurso do presidente Jair Bolsonaro na Organização das Nações Unidas, nem com o debate político no Senado. A demora na tramitação da reforma da Previdência no Senado, que até a semana passada era vista apenas como ajuste no cronograma, começa a mudar
de figura do ponto de vista do mercado. Cogita-se da possibilidade de impasse na negociação de emendas, retaliação à ação da Polícia Federal que atingiu o líder do governo, senador Fernando Bezerra (MDB-PE). Tanto ruído abre espaço para especulação. No final da manhã, a cotação do dólar abria uma distância um pouco maior do teto, mais ainda abaixo de R$ 0,01, a R$ 4,1858.