Depois de ter arranhado o recorde histórico do real na véspera, o dólar nesta terça-feira acordou mais calmo. Passou boa parte da manhã em torno de R$ 4,16, mas no final da tarde subiu outra vez para fechar no terceiro maior valor desde a criação da atual moeda brasileira: R$ 4,179. Em tese, houve recuo, mas foi tão insignificante (0,08%) que o valor do câmbio ainda está nas máximas.
– Os investidores no mundo estão arredios no curto prazo, ao mesmo tempo em que relutam em manter recursos em renda fixa. Entre os emergentes, a Argentina assusta com sua política restritiva de aquisição de moedas – ponderou Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais.
Depois de um dia de alívio na segunda-feira, quando o governo do país determinou limite de compra de US$ 10 mil mensais, a bolsa de Buenos Aires chegou a cair 14%. No mercado financeiro, o contágio da incerteza da Argentina sobre o Brasil já está sendo chamado de “Efeito Messi”.
É uma atualização do velho conhecido “Efeito Tango”, que nunca saiu de cartaz. Na segunda-feira, uma das explicações para a subida no câmbio era o feriado nos Estados Unidos, que reduzia a quantidade de dólares disponíveis para negociação. Nesta terça-feira, com o mercado americano operando a pleno, o valor pouco se mexeu, evidenciando que há outras pressões sobre a relação.
Investidores e especuladores avaliam que a intervenção do Banco Central, na segunda-feira da semana passada, foi um sinal de que a instituição está disposta a segurar a cotação abaixo de R$ 4,20. Só agora se soube que, nesse dia, houve uma redução de US$ 1,3 bilhão nas reservas internacionais do Brasil. O colchão que protege o país de turbulências globais como a atual ainda é mais do que confortável: soma US$ 386,4 bilhões, cerca de 80% investidos em títulos do Tesouro dos EUA. Mas como o BC se antecipou ao mexer no arsenal de medidas anticrise, agora está enfrenta o teste. Nesta terça-feira, resistiu ao aperto.