Depois de um dia de alívio externo e pressões internas, nesta terça-feira (27) foi o cenário do Exterior que pressionou o dólar até a moeda americana ser cotada a R$ 4,19 – mais precisamente, R$ 4,1899 – no início da tarde. Logo em seguida, o Banco Central fez uma intervenção-surpresa no câmbio. Anunciou um leilão de cédulas que não estava previsto. Normalmente, esse tipo de medida costuma ser anunciado com antecedência, como na semana passada. Ao mesmo tempo, anunciou uma oferta de nada menos de US$ 1 bilhão para quinta-feira (29). Embora tenha tirado a cotação das máximas, não impediu uma alta, ainda que bem mais modesta, de 0,447%.
O que pressionou o dólar, desta vez, foi um dado sobre a economia dos Estados Unidos. O índice de confiança do consumidor americano caiu, como se previsto, mas menos do que se esperava. A leitura dos investidores foi de que a atividade econômica por lá ainda está robusta, o que reduziria a probabilidade de corte na taxa de juro por lá. Além do real, o dólar se valorizou frente a várias outras moedas.
Embora tenha freado o dólar, o BC teve um efeito colateral com a medida. A combinação da menor expectativa de corte no juro básico dos Estados Unidos e da alta da cotação dólar no Brasil, com possíveis efeitos sobre a inflação, provocou uma alta nas taxas de juro futuras, que servem de referência para financiamentos para empresas.
Em mais um dia pouco habitual, a bolsa também subiu 0,88%, para 97.276 pontos. Um dos motivos foi a entrega do relatório da reforma da Previdência pelo senador Tasso Jeireissati. Combinados, os textos da PEC original, que veio da Câmara dos Deputados, e da "paralela", que seguirá tramitando no Senado mesmo depois da eventual sanção da primeira versão, têm economia prevista em 10 anos de R$ 1,35 trilhão.