No país em que a bolsa sobe ou desce ao sabor de pesquisa eleitorais, é difícil separar política de economia. Nesse sentido, os últimos dias foram pedagógicos. A situação do presidente Michel Temer se agravou com a prisão de Geddel Vieira Lima, um de seus escudeiros ao assumir o poder. Mesmo assim, a bolsa, que já expressara aprovação à sobrevida de Temer, ensaiou um recorde histórico de pontos. Acabou adiando a superação, que deve ocorrer nos próximos dias.
Leitores da coluna advertem: o que vai ocorrer é a quebra nominal do recorde. Nas contas de Débora Morsch, da Zenith, o pico de 2008 ajustado pela inflação estaria em 127 mil pontos. É um pouco difícil de imaginar a correção de pontos de um indicador, mas é uma projeção teórica válida, conforme Álvaro Bandeira, da ModalMais:
– É uma conta teórica, para mostrar que o mercado teria potencial de alta mais forte. Mas também ajuda a entender como é possível tocar no mesmo nível de maio de 2008 em situação econômica totalmente distinta.
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O nominal é tão simbólico, pondera, que impõe resistência mais difícil de quebrar. Mas virá. Além das melhores projeções para a economia brasileira provocadas pelo resultado do PIB do segundo trimestre, Bandeira lembra que o cenário global ajuda, com juros mais baixos e políticas de expansão monetária que deixam investidores com mais dinheiro na mão.
– As empresas do Brasil, ao menos as maiores e melhores, já passaram pelo ajuste da crise, reduziram dívidas. Esse quadro, associado à redução do juro e do desemprego, embora discreto, dá sinais de que o pior de fato ficou para trás – avalia Bandeira.