Uma das grandes expectativas que cercavam o discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) era de que pudesse desfazer a imagem negativa que vem cercando o Brasil desde a crise internacional aberta com a reação às queimadas na Amazônia. A percepção que provocou pedidos de "medidas urgentes" paras combater os incêndios de 230 fundos de investimento com recursos ao redor de R$ 65 trilhões e a suspensão de compras de couro do Brasil por grandes empresas também está no radar de grandes companhias com interesses no Brasil. A coluna consultou especialistas nos humores de clientes e investidores.
José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB)
"Defender seria a atribuição básica do discurso, não precisava atacar tanto. O principal foco foi o ataque.
Faltou falar sobre o novo Brasil. O que atrai investimento são reformas estruturais, não críticas, que podem ter razão ou não. O discurso não criou condições para o futuro, ficou estático no presente. O presidente deveria ter dado a receita do que fazer para corrigir os erros do passado."
Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington
"A parte econômica foi positiva, o mercado deve reagir bem. Foi positivo o fato de se mostrar aberto a investidores, falar em liberdade na economia. Agora, importa menos a repercussão mediática, e mais a dos setores com os quais o presidente abriu frentes de contestação. O que não se sabe é como será depois da reação dos outros. Ele abriu novos pontos de atrito, como em direitos humanos, na política indigenista. Vai despertar muita crítica."
Rubens Ricupero, ex-ministro e diplomata
"Antes do discurso, achava difícil que a imagem do Brasil pudesse piorar, mas ele conseguiu. Em vez de ser conciliado, construtivo, foi muito belicoso, duro, agressivo, tanto na forma quanto no tom. Em diplomacia, o tom é tão importante quanto o conteúdo. E não teve um sorriso, uma amenidade, uma tentativa de humor."
Atenção: em breve, você poderá acessar o site e o aplicativo GaúchaZH usando apenas seu e-mail cadastrado ou via Facebook. Não precisará mais usar o nome de usuário. Para saber mais, acesse gauchazh.com/acesso.