
As privatizações dos anos 1990 tiveram como estrela a entidade de previdência complementar dos funcionários do Banco do Brasil, a Previ – para o bem e para o mal.
Com R$ 196 bilhões em ativos, agora a fundação está em fase de "desinvestimento líquido" – em bom português, vendendo mais do que comprando. Um dos motivos é bancar pagamentos à parte dos cerca de 200 mil associados que já se aposentou. Outro é a estratégia de desconcentração da carteira de renda variável, que chega a R$ 82,6 bilhões, quase metade disso (R$ 39,2 bilhões) em grossa fatia da Vale.
Marcus Moreira de Almeida, diretor de investimentos da entidade, detalhou à coluna que a Previ vai marcar presença nos leilões previstos pelo atual governo, mas em busca de participações minoritárias, sem disputar o controle de empresas. Se no passado a Previ teve forte influência governamental no direcionamento de seus investimentos, a atual diretoria afirma que a entidade
está saudável e com controles internos reforçados para priorizar o cumprimento de suas obrigações com os participantes dos planos.
Em 2018, a entidade vendeu R$ 7,9 bilhões e comprou R$ 752 milhões em ativos.
Uma das explicações está nos resultados negativos de anos anteriores. A Previ teve prejuízo de R$ 16,1 bilhões em 2015, de R$ 13,9 bilhões em 2016 e de R$ 4,3 bilhões em 2017. Fundos de estatais, como a Postalis, tiveram rombos tão grandes que exigiram cobrança de contribuições extraordinárias dos participantes. No ano passado, a Previ teve resultado positivo acumulado de R$ 6,5 bilhões.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem afirmado que pretende obter R$ 1 trilhão com a privatização de estatais. Na semana passada, em levantamento da XP Investimentos, analistas de mercado projetaram, de forma consensual, receita de R$ 300 bilhões em quatro anos.