Nestes momentos de perplexidade em relação às dimensões do escândalo envolvendo a Petrobras, são poucos os que ousam defender publicamente a privatização da estatal. Mais curioso é que a proposta seja feita pelo maior protagonista de um escândalo de grandes dimensões envolvendo a privatização de outra estatal brasileira, a Telebras. Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro das Comunicações e ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi o epicentro do chamado "escândalo dos grampos", que expôs tentativas de direcionar o leilão das teles (leia mais no quadro abaixo).
Hoje, diz estar tranquilo porque foi investigado, julgado e inocentado de qualquer dano ao patrimônio público. Mas confessa que precisou de um tempo para processar o caso nesta entrevista concedida em Porto Alegre no último dia 12, em uma das várias visitas que faz ao Estado como presidente da Foton do Brasil. A empresa investe em uma montadora de caminhões em Guaíba, no terreno que deveria ter recebido a Ford.
Um dos homens fortes do governo de Fernando Henrique Cardoso, apontado como neoliberal, Mendonça de Barros prefere se perfilar economicamente no "cinismo keynesiano". Descubra na entrevista o que ele quer dizer com isso e por que aposta no sucesso do ajuste fiscal liderado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Por que o senhor é otimista em relação à capacidade de o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fazer o ajuste da economia, enquanto cresce o ceticismo no mercado?
Tenho procurado manter uma análise que foge um pouco do curto prazo. Entendo que o Brasil vive, desde 2011, 2012, o que os economistas chamam de fim de um ciclo de expansão. O capitalismo é feito de ciclos de expansão, seguidos por alguma correção que prepara a economia para o ciclo seguinte de expansão. Quem explicava muito bem isso era o Keynes (John Maynard Keynes, economista britânico associado à defesa de maior participação do Estado na regulação da economia).
Com a palavra
Luiz Carlos Mendonça de Barros: "É preciso tirar da Petrobras a missão de salvar a economia"
Ex-ministro das Comunicações e ex-presidente do BNDES aposta no sucesso do ajuste fiscal liderado com ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e defende privatização da Petrobras
Marta Sfredo
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