Diminuiu a pressão, mas ainda há dúvidas sobre a capacidade de o governo federal emplacar uma reforma rápida e convincente dos sistemas de aposentadoria. Depois de alimentar conflitos com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM–RJ), o presidente Jair Bolsonaro ao menos tentou, ontem, assegurar que o foco é “pacificação e Previdência”. Em dia marcado por cautela, o dólar fechou em R$ 3,857, com a maior queda (1,15%) das últimas seis semanas.
A bolsa fechou em ligeira baixa, de 0,08%, depois de muito sobe e desce ao longo do dia, em reação às declarações de Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes. No Exterior, o risco Brasil segue em alta: 20% nos últimos sete dias.
– Não tem vento a favor no cenário internacional, e ainda há muito ruído no cenário político nacional. O principal risco é o adiamento e o tamanho da desidratação que a proposta vai enfrentar – traduziu Rafael Passos, analista da equipe de pesquisa da Guide Corretora.
Conforme Passos, o mercado já espera uma tramitação mais demorada do que a prevista antes dos “ruídos” entre o Planalto e o Congresso, intensificados na semana passada.
– É bem provável que passe, o que não se sabe é o tempo de aprovação e o texto final.
Como o atraso já está caracterizado pelo fato de a proposta ainda não ter iniciado formalmente sua passagem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o prazo de aprovação ambicionado pelo governo – final do primeiro semestre – está praticamente inviabilizado.
Para garantir que o resultado ainda seja convincente, avalia Passos, é preciso garantir ao menos uma economia entre R$ 600 bilhões e R$ 700 bilhões em 10 anos. O valor menor equivale a uma desidratação de 40% em relação às projeções de Guedes, que defende a necessidade de alcançar corte de gastos de R$ 1 trilhão.
O mercado financeiro, que aderiu à candidatura de Bolsonaro ainda no início de outubro, deu ao presidente o benefício da dúvida.