Fundador do banco Pactual (hoje BTG Pactual), formado pela universidade de Chicago, berço de economistas liberais, Paulo Guedes surpreendeu vários colegas ao se tornar o principal consultor de Jair Bolsonaro (PSL). O "posto Ipiranga", como foi apelidado pelo próprio candidato, tem patrimônio bilionário, conforme descrição de um conhecido ouvido pela coluna. O economista José Márcio Camargo, que coordenou a campanha de Henrique Meirelles (MDB) à Presidência, relatou à coluna que foi contemporâneo de Guedes na universidade:
– Gosto muito dele, sou um pouco suspeito. É honesto, tem ótima formação, tem tudo para ser um bom ministro.
A "suspeição" levantada por Camargo é bem-vinda em uma comunidade usualmente mais crítica a Guedes. Enquanto o guru de Bolsonaro falava à Globonews na série de entrevistas com coordenadores econômicos, as redes sociais com alta incidência de economistas se agitaram com a projeção de que obteria R$ 1 trilhão com a venda de "todas as estatais" e mais outro tanto com a venda de imóveis da União. Como as três maiores estatais não valem mais de R$ 500 bilhões, o exagero apareceu.
– Ele disse isso, mas quis apontar a direção, era simbólico – alivia Camargo.
A grande expectativa, agora, é se Guedes vai reaparecer. Desde 19 de setembro, quando mencionou recriação da CPMF, está sumido da campanha.
– Ele não quer se expor. Pode ter achado que seria melhor sair um pouco de cena para evitar problemas. Quis sair do fogo intenso que estava em cima dele – avalia Camargo.