Com nova pesquisa, desta vez do Datafolha, apontando a possibilidade de um segundo turno entre duas forças extremas – Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) –, o dólar se mantém em alta nesta quarta-feira (22). Pela manhã, a cotação no câmbio comercial chegou a roçar os R$ 4,08, mas perdeu força. No início da tarde, voltou a ultrapassar o valor, com sinais de que pode arranhar o patamar de R$ 4,10, outra barreira psicológica, depois de ter cruzado a de R$ 4 na terça-feira.
Lá fora, o dólar perde força ante moedas de países emergentes, como México, Chile e África do Sul, considerada vulnerável por ter maior exposição cambial (alta dívida e baixas reservas em dólar). É esse comportamento, motivado pelo cerco judicial ao presidente Donald Trump. Na terça-feira, seu ex-advogado fechou acordo de delação premiada e seu ex-chefe de campanha foi condenado por fraude bancária.
O fato de ter subido por força de resultados de pesquisas eleitorais e envolver o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembra a campanha à Presidência de 2002, quando o dólar encostou pela primeira vez em R$ 4 – faltou pouco mais de um centavo. Em 10 de outubro daquele ano, a moeda americana foi cotada a R$ 3,99.
É bom lembrar que um período de 16 anos separa os dois topos nominais. Corrigido apenas pela inflação "oficial" brasileira (IPCA), o valor da época chegaria hoje a R$ 11,64. Ou seja, para o nível de pânico com o resultado da eleição superar o do que havia na época, a cotação teria de passar desse valor, o que ninguém considera provável, ao contrário da expectativa de tocar em R$ 4, que já estava nas contas.
Agora, todos os analistas ouvem a mesma pergunta: até onde vai o dólar? O temor é de que siga até quebrar outra barreira ainda mais impactante, a de R$ 5. Um dos que tenta devolver a calma e a racionalidade é André Perfeito, da corretora Spinelli. O economista considera improvável a quebra dessa barreira. E explica o motivo:
– Em primeiro lugar, o Brasil tem reservas internacionais relevantes (US$ 380 bilhões) e acumula saldo em dólar pelo saldo comercial. Em segundo lugar, Geraldo Alckmin (candidato do PSDB e "preferido" do mercado) ficará parado neste patamar por mais um tempo, mas não tem porque não acreditar que não possa melhorar sua posição quando o horário gratuito começar e ele puder usar seu acordo caro com o Centrão.