A rapidez na recuperação da indústria, depois do buraco provocado pela greve dos caminhoneiros, surpreendeu. Depois da queda de 11% em maio (revisão anunciada na quinta-feira), a produção cresceu 13,1% em junho, compensando a queda anterior. Apesar de a alta ter sido muito maior, é bom lembrar da matemática básica. Uma redução de 11% leva um indicador de 100 a 89%. Uma alta de 13,1% devolve esse patamar a 100,66. Ou seja, “sobrou” um pouquinho, mas só um pouquinho.
O resultado é a volta à relativa normalidade da crise pós-recessão braba: avanço lento, gradual e moderado. Um solavanco inesperado foi superado, o que é bom, mas isso significa apenas que um episódio profundamente perturbador – e com consequências ainda não totalmente conhecidas – foi deixado para trás. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) adverte:
“Por mais favorável que tenha sido a reação de junho, não nos iludamos. Os eventos excepcionais dos últimos meses não alteraram em nada o movimento de redução do dinamismo industrial que vem marcando 2018”. O que o Iedi aponta é nítida desaceleração em relação ao mesmo trimestre do ano anterior e retorno ao negativo no desempenho de curto prazo.
Mesmo a recuperação de junho, apesar de “consistente”, para a entidade, não chegou a todos os setores. Equipamentos de transporte (sem veículos) caíram 10,7%, e farmacêuticos e farmoquímicos recuaram 0,1%.
No Estado, o Índice de Desempenho Industrial (IDI) da Fiergs, teve o maior avanço mensal da série histórica, iniciada em janeiro de 2003, de 11,9%. Mas o presidente da entidade, Gilberto Petry, adverte que a intensidade da recuperação, a partir de agora, deve ser “ainda menor do que a antes”. A Fiergs corrigiu de 3% para 2% a projeção para o ano.