Depois de atingir R$ 4,2085 por volta das 13h, o dólar fechou em R$ 4,146 nesta quinta-feira (30), pouco abaixo da maior cotação atingida desde o início da circulação do real, em 1994.
A cotação desceu das alturas que havia atingido graças a uma intervenção do Banco Central (BC), que anunciou um leilão de contratos que representam oferta de dólares no mercado futuro no valor de US$ 1,5 bilhão. Até agora, a máxima histórica foi registrada em 21 janeiro de 2016, quando chegou a R$ 4,1631.
Embora a moeda americana tenha se valorizado frente a várias outras de países emergentes, foi o afundamento do peso argentino que mais contribuiu para as perdas do real. Lá, chegou a 40 pesos por dólar. Saiu de 17,6 pesos em agosto do ano passado, ou seja, mais do que dobrou de valor em 12 meses. Só nesta quinta-feira (30), saltou 16%. Para comparar, a alta no Brasil ficou em 0,77%. A disparada obrigou o banco central do país a elevar a taxa anual de juro para 60%. O governo de Mauricio Macri está em crise e se discute uma mudança ministerial.
O país tenta antecipar o recebimento dos recursos do socorro negociado com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Há temor de que a crise cambial leve o país a não ter dólares suficientes para bancar seus compromissos com pagamento de dívidas anteriores e até para importadores. Como é sócia do Brasil no Mercosul e as duas economias são muito interdependentes, crises na Argentina afetam mais a percepção dos investidores sobre o risco nacional.
A alta do dólar foi quase generalizada depois que a Casa Branca fez um comunicado oficial em que acusa a China de boicotar os esforços dos Estados Unidos para que a Coreia do Norte aceite eliminar sua armas nucleares. Mas analistas de mercado também apontam efeito de pesquisa eleitoral que mostra alta transferência de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para seu virtual substituto, Fernando Haddad.
Outra parte do estresse vem da expectativa de uma "súper sexta-feira", que concentra divulgação do PIB do segundo trimestre, formação de Ptax (cotação do dólar para efeito de realização de contratos), julgamento do registro da candidatura de Lula e o início da propaganda eleitoral no rádio e na TV.
Ao anunciar a intervenção desta quinta-feira (30), o BC afirmou que " regime de câmbio flutuante é a primeira linha de defesa (ante crises cambiais)". Também observou que o regime permite "amortecer os choques da melhor forma". Avisou que "a intensidade e a frequência das intervenções dependerão da dinâmica e das disfuncionalidades observadas no mercado".