À frente da Associação do Aço do Rio Grande do Sul, José Antonio Fernandes Martins, também vice-presidente de relações institucionais da Marcopolo, revela articulação para tentar reduzir o impacto do aumento do preço do principal insumo da indústria metalmecânica. Mas o aço mais caro não tira o otimismo do setor de ônibus
A CSN anunciou aumento de 12,25% no aço, o que revoltou entidades como a Fiergs. Qual é o impacto nas indústrias de Caxias do Sul?.
Participei de reunião na semana passada com siderúrgicas para dizer que não há mais campo para aumento. O mercado não consegue absorver. As siderúrgicas afirmam que a alta decorre da tabela de valores mínimos para fretes. Juntamos pessoal da Marcopolo, da Randon e de distribuidores para montar um grupo de trabalho. Precisamos achar opções. Também estão presentes a Arcelor Mittal, a CSN, a Usiminas e a Gerdau. A ideia é fazer um muro para bloquear aumentos.
Quais seriam as opções?
Precisamos de opções como trazer o aço por meio ferroviário ou hidroviário. Aumento de preço tira nossa competitividade em relação a SP, MG e RJ. A CSN está no Rio. A ArcelorMittal, no Espírito Santo, ao lado de Minas, onde fica a Usiminas. Estive quarta-feira no Ministério dos Transportes, para apresentar a situação. O ministério se comprometeu a dar o máximo apoio. Vamos trabalhar para “ferroviabilizar” o sistema. É absurdo um país deste tamanho ter 65% do sistema de fretes dependendo de caminhões. Em outros locais, o percentual não passa de 40%.
Além da tabela de fretes, quais foram os outros impactos da greve?
A greve deu uma pancada monumental nas exportações. Tínhamos o Reintegra. Daquilo que exportávamos, o governo nos devolvia 2%. Foi reduzido para 0,1% para pagar a redução no diesel. Isso foi uma punição. Vale lembrar que, além do preço do aço, outros produtos também sofrem aumentos por conta da tabela.
Como está a produção de ônibus?
Está excelente. A produção brasileira aumentou 50,3% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período de 2017.
Além da base de comparação mais fraca, o que explica esse avanço?
Em parte pela licitação para o Caminho da Escola, programa de transporte escolar rural. Tivemos a prorrogação do prazo, por um ano, junto ao Planalto, para utilização de poltronas móveis em ônibus rodoviários, usadas por pessoas com deficiência. Com isso, empresas aceleraram as compras. Cada poltrona tem preço médio de R$ 30 mil. Um terceiro ponto foi a criação do programa Refrota 17, com R$ 3 bilhões disponíveis. É suficiente para 8 mil ônibus urbanos. Com a alta do dólar, muitas pessoas desistiram de ir para o Exterior e resolveram viajar dentro do Brasil. Parte desses trajetos é feita em avião. A outra, em ônibus. O mercado de turismo melhorou. Por fim, as exportações vão bem. Rezamos para o dólar ficar no patamar de R$ 3,80.