O nível do juro básico volta à pauta do Banco Central (BC). Entre terça (31) e quarta-feira (1º), o Comitê de Política Monetária (Copom) da instituição tem encontro marcado para discutir o rumo da taxa Selic. Para analistas do mercado financeiro, a tendência é de que o juro permaneça em 6,5% ao ano. A projeção consta na edição mais recente do boletim Focus, apresentada nesta segunda-feira (30) pelo BC.
Pesquisador da área de Economia Aplicada da Fundação Getulio Vargas, Marcel Balassiano cita três aspectos que sustentam as apostas na manutenção da taxa no patamar atual. O primeiro é a dificuldade do país para engatar retomada mais consistente depois da recessão. Ao evitar subir o juro neste momento, o Copom daria sinal de estímulo à atividade econômica, incentivando a concessão de crédito a consumidores.
O segundo fator é a inflação em nível ainda comportado mesmo após a greve dos caminhoneiros. A estimativa do mercado financeiro é de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique em 4,11% ao final do ano – abaixo do centro da meta do BC, de 4,5%.
O terceiro motivo apontado por Balassiano é a trégua nos ânimos registrada nos últimos dias no horizonte internacional, marcado por discussões sobre guerra comercial e velocidade de aumento do juro nos Estados Unidos.
– Sem grandes surpresas, o Copom deve manter a Selic em 6,5% ao ano. Após a última reunião (em junho), o BC havia indicado que levaria em conta o desempenho da atividade econômica, a inflação e o balanço de riscos – frisa o pesquisador.
Depois desta semana e até o final de dezembro, o Copom terá mais três reuniões. Balassiano projeta que a Selic fechará o ano em 6,5%, mas não descarta uma elevação por conta das incertezas eleitorais.