Depois do nó no abastecimento provocado pela greve dos caminhoneiros, surge uma iniciativa de negócio que pretende oferecer soluções a um mercado carente de alternativas. O Grupo Intelog, com sede em Porto Alegre, e a ES Logistics, baseada em Itajaí (SC), fizeram uma parceria para oferecer um pacote completo de transporte. A ES foi a responsável pela movimentação de sete voos de aeronovas russas Antonov, no transporte que ficou conhecido como o "maior case logístico do Rio Grande do Sul".
Conforme Paulo Menzel, diretor da Intelog, as empresas têm operações complementares. Segundo o empresário, sua consultoria é especializada na área de custo logístico, a única empresa brasileira com registro e patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em inteligência de processo. A ES tem foco exatamente em "carga de projeto", ou seja, em grandes volumes a serem transportados.
– Nossas empresas vão agredir o mercado mundial – diz Menzel, usando o verbo "agredir" no sentido de "disputar".
Outra ambição da parceria é explorar mais a navegação de cabotagem, ao longo da costa brasileira. O argumento é de que os 8,5 mil quilômetros de litoral representam uma "estrada pronta" e, normalmente, sem buracos. Um dos objetivos, explica Menzel, é reduzir o custo logístico, que no Estado é estimado em até 21% do PIB. Conforme o empresário, as empresas já fizeram quase todos os cortes de custo possíveis nas variáveis internas. Falta agora fazer o ajuste de competitividade na logística.
– A fase de redução de custos internos se esgotou. A logística é muito cara no Brasil. Quando fazemos planejamento logístico e conseguimos reduzir 2% ou 3% do total, faz muita diferença, devolve produtividade e competitividade – detalha.
Outro serviço que a parceria entre a Intelog e a ES planeja oferecer é pouco conhecido da maioria das pessoas: logística fiscal. Nas contas de Menzel, 26% dos caminhões que trafegam pelo Brasil o fazem apenas para "trocar a nota". Isso significa, por exemplo, carregar em São Paulo, com ICMS de 12% e ir até Uberaba, em Minas Gerais, para voltar com o mesmo tributo com alíquota de 7%. Como o Rio Grande do Sul têm algumas das alíquotas de ICMS mais altas do país, é bom se preparar.
– É legal, factível, vou oferecer – sustenta o empresário.