Recompor a Esplanada dos Ministérios depois da liberdade dos presos na Operação Skala será menos constrangedor para o Planalto. A coincidência de calendários entre a volta do risco de uma terceira denúncia e a oportunidade de reacomodação de aliados ajuda.Mas não haverá posse, conjunta ou isolada, em que o assunto não seja o emparedamento de Michel Temer. Única área em que o governo tem algo concreto para mostrar, a economia parece ter sido blindada por Henrique Meirelles com a indicação de seu número 2, Eduardo Guardia, para a Fazenda.
Mas a vitória de Meirelles na queda de braço com Romero Jucá (PMDB-RR) não foi tão retumbante: Dyogo Oliveira, afilhado do homem que quer “estancar a sangria”, vai presidir o BNDES. Era um novo que disputava o cargo com Guardia. Apesar de ter padrinho tão visado, Oliveira não é mal visto entre seus pares. Ao contrário. Há interpretações de que a ida do atual responsável pelo orçamento para a instituição de desenvolvimento acentuaria o compromisso com a quitação dos repasses do Tesouro. Mas o fato é que um indicado de Jucá terá a última palavra no desembolso de recursos do BNDES. Em seu lugar, foi confirmado outro número 2, o atual secretário-executivo do Planejamento, Esteves Pedro Colnago Jr.
Além do núcleo duro da economia, é incerto o futuro de outro ministério com decisões bilionárias. A sucessão de Fernando Coelho Filho no Ministério de Minas e Energia define o futuro da privatização da Eletrobras. Até o final de março, dois aliados de Temer, Edison Lobão e Eduardo Braga, que já comandaram a pasta, tinham força para indicar o próximo ministro. Nesse caso, desfariam os planos de venda de ações da estatal e tentariam abortar a venda de seis distribuidoras sob o guarda-chuva da estatal prevista para maio. Quando isso ficou claro, perderam posições, mas seguem no páreo.