Durante o dia, a bolsa testou alturas nunca antes atingidas. Chegou a frequentar a órbita dos 79 mil pontos, mas moderou o ânimo com a informação de que a Standard & Poor’s pode, sim, decidir um rebaixamento da nota de risco do Brasil em ano eleitoral. No final do ano passado, o corte no rating da dívida foi esperado todos os dias da última semana, por conta da especulação de que não seria prática da agência mudar avaliação em ano eleitoral.
Na quinta-feira (4), a assessoria da S&P afirmou oficialmente que não há restrição nesse sentido. O fôlego de investidores e especuladores desinflou, mas não se exauriu.
O Ibovespa saiu dos píncaros de 79,1 mil pontos mas fechou com alta de 0,8% e recorde nominal, em 78,6 mil pontos. Analistas quebram a cabeça para explicar por que o mercado se comporta de forma muito diferente da prevista. A conclusão é de que não há notícias muito ruins.
E mesmo a uma má – de que o Brasil pode enfrentar um rebaixamento se a reforma da Previdência não for aprovada –, foi absorvida, ainda que com sobressalto. A alta desta quinta foi a nona seguida e ignorou a virada no calendário, que normalmente aciona movimentos de realização de lucros e, em consequência, de quedas no índice.
A ausência de más notícias permite que bolsa e dólar no Brasil sigam o curso internacional. Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais, destaca que os últimos dias mostraram forte apetite global por risco em todo o mundo. Além dos nacionais, há recordes históricos sucessivos na bolsa dos Estados Unidos, a de Tóquio atingiu o maior patamar desde 1992 e há movimentos de alta expressiva na Europa e na Ásia. A única dúvida, agora, é sobre a duração desse rali global. A reação tímida da economia local não é motivo, apenas permite seguir a manada.