Na contramão das expectativas, a bolsa estreou 2018 com novo recorde nominal em número de pontos. Depois de registrar máxima de fechamento em 76.989 em 13 de outubro de 2017, o Ibovespa atingiu nesta terça-feira (2) 77.891, com alta de 1,95%.
Investidores e especuladores preferiram ignorar as idas e vindas na substituição do ministro do Trabalho e focar em sinais positivos na economia. O fiasco do anúncio do nome de Pedro Fernandes seguido de veto explícito de José Sarney foi ofuscado pela melhora nas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2017 e 2018 e pela elevação de indicadores de confiança. A combinação do constrangimento ao que o Planalto foi exposto e o pregão animado reforça a percepção de que a reação não ocorre graças ao governo federal, como tenta mostrar Michel Temer, mas a despeito de seu comando.
Um dos motivos foi o alívio com o não rebaixamento da nota do Brasil pela Standard & Poor’s. Havia temor de que a agência de classificação de risco anunciasse a decisão na sexta-feira passada, com o mercado fechado.
Apesar da estreia auspiciosa, analistas avaliam que a baixa está contratada, no linguajar do mercado. Na conta do avanço do primeiro dia útil do ano – que também registrou recorde de saldo positivo no balanço comercial – é uma tentativa de esticar os ganhos na hora da venda. A ressaca está prevista na análise gráfica e na baseada nos fundamentos.
A pontuação de fechamento ficou quase mil pontos acima da máxima de 2017, o que não é pouca coisa depois da alta acumulada de quase 27% no ano passado. A tendência de 2018 no mercado de capitais não será a constância, mas a volatilidade. Altas e quedas bruscas devem se seguir a decisões judiciais e a pesquisas eleitorais.