A anêmica variação de 0,1% no Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre em relação ao anterior foi recebida com frieza. Mas só até que analistas se debruçassem sobre os detalhes anunciados na sexta-feira pelo IBGE. O primeiro farol foi a volta do investimento, depois de 15 trimestres sucessivos de queda. Significa que empresas começam a ver futuro melhor, o que ajuda a transformar a expectativa em realidade, invertendo a mão da profecia autorrealizável que mergulhou o país na recessão.
Ajudou a tirar o foco do dado final o fato de o IBGE ter revisado os resultados dos trimestres anteriores. Em vez de 1% de alta de janeiro a março, anunciou 1,3%. No lugar do magro 0,2% entre abril e junho, 0,7%. Essas correções, que são usuais, provocaram altas nas estimativas para o ano.
Instituições financeiras começaram a anunciar perspectivas um pouco melhores para 2017 – o Goldman Sachs, por exemplo, reviu sua estimativa de crescimento em 2017 de 0,9% para 1,1%. O Itaú Unibanco, que costuma ser rápido no gatilho, anunciou "viés de alta" para a projeção já acima da média do mercado, atualmente em 0,8%. Mas deu uma pista: calcula que, mesmo se a economia não crescer no último trimestre, levaria a um crescimento de 1% em 2017.
Nos últimos 45 meses, ou quase quatro anos, é a primeira vez que o indicador de nome estranho – Formação Bruta de Capital Fixo – avança. A sinalização não autoriza entusiasmo, mas é histórica, dado o tempo em que estava mergulhada no vermelho. É o primeiro embalo para reforçar produção – construir, comprar máquinas e equipamentos. É promissor.