Foi adiado o anúncio do pré-acordo para a negociação da área de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE). Depois de anos em que a Argentina foi a voz dissonante do lado de cá da equação, seria uma oportunidade histórica de aparecer como protagonista. Não funcionou.
Os chanceleres repetiram que estão muito perto do acerto. Não foi dito, mas se sabe que faltou consenso em pelo menos dois temas delicados – carne e etanol. O primeiro enfrenta resistência de Irlanda, no caso dos bovinos, e da Polônia, para aves. Em tese, ainda haveria possibilidade de avanços que permitissem anúncio até quarta-feira (13), mas o tamanho das divergências até agora não autorizam otimismo.
A melhor expectativa é avançar o suficiente para anunciar o início da reta final no Brasil, no dia 21. É a data para a qual está marcada a reunião anual de cúpula do Mercosul, em Brasília. Seria o palco preferido do time verde-amarelo e reforçaria o protagonismo do negociador do bloco latino, Ronaldo Costa Filho.
O ambiente das trocas – um grupo faz uma oferta de liberação, outro pede mais – está mais tensionado por conta da importância que o acordo ganhou para os europeus depois do surto protecionista dos Estados Unidos. Antes de Donald Trump bater a porta na cara dos parceiros, desenhava-se uma parceria entre seu país e a União Europeia. Forma de reagir aos avanços da China no rumo da liderança planetária, eclipsaria todas as demais tratativas entre blocos econômicos. Como fracassou, o Mercosul voltou a se tornar um parceiro atrativo, embora infinitamente menor.