Ainda há certo suspense, mas espera-se para esta segunda-feira (11), em Buenos Aires, o anúncio de uma etapa decisiva para o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE). Não será a assinatura oficial, mas uma espécie de "agora vai", ou seja, foi tomada a decisão política, e os dois blocos concordam em reduzir mutuamente tarifas de importação para produtos e serviços.
Parece pouco em um país assolado por milhares de (outras) urgências, mas não para a negociação que começou em 1994 e chegou a ser interrompida por seis anos, entre 2004 e 2010. Depois de uma retomada que parecia pro forma, ganhou velocidade para se tornar uma resposta ao isolacionismo militante do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ainda deve deixar de fora segmentos sensíveis para europeus, como carne e etanol, porque, afinal, o protecionismo também é forte do outro lado do Atlântico.
Para o consultor em comércio exterior Frederico Behrends, que acompanha as tratativas desde o início, o anúncio de Buenos Aires representa uma espécie de largada para o sprint final:
– É uma espécie de sinal político, no tom de que os blocos concordam que o acordo é necessário e vão fazer o que for necessário para fechá-lo.
Daí para a assinatura formal, explica, ainda tem estrada. É preciso que cada país submeta os termos finais a seu Legislativo, a chamada internalização.
– Só espero que não seja como o acordo Mercosul-Egito, que está à espera da assinatura da Casa Civil há 10 anos – brinca, admitindo que não houve pressão para destravar porque o efeito dessa abertura de mercado é pequeno.
Beherends destaca que o mais importante, a essa altura, é começar a se preparar para os efeitos do acordo. Para segmentos, como o de calçados, começa logo depois da assinatura. Para outros, o prazo é de 15 anos.