Anunciando alta de 53% no lucro do terceiro trimestre deste ano (de R$ 145 milhões) em relação a igual período do ano passado, André Gerdau Johannpeter lembrou que a apresentação desse resultado será a última de seus 10 anos na presidência da Gerdau. O próximo comunicado será feito por seu sucessor, Gustavo Werneck, anunciado em agosto. Ao responder pergunta da coluna sobre como a empresa interpretou a reação do mercado ao afastamento da família dos cargos de gestão – houve queda no valor das ações –, o empresário afirmou que, apesar da baixa inicial, nos dias seguintes houve recuperação no valor dos papéis, além de comentários positivos sobre o movimento, por escrito e em teleconferências com analistas:
– Nos relatórios que recebemos, ficou claro que houve entendimento do momento da mudança. Existe nova liderança assumindo o comando direto, enquanto os integrantes da família vão continuar no conselho.
Sobre a saída da sede de Porto Alegre, outra curiosidade da coluna, Johannpeter explicou que parte das atividades da sede vão para São Paulo, outra para a Usina Riograndense, em Sapucaia do Sul. Conforme o empresário, a decisão está alinhada com os princípios de "simplicidade e austeridade" da empresa:
– Estamos levando a sede para mais perto do centro de negócios do mercado de capitais, tem um networking importante, mas não estamos deixando o Rio Grande do Sul. Continuamos com duas importantes e grandes usinas, além de manter aqui o conselho administrativo, no escritório de Porto Alegre.
Johannpeter também detalhou que o investimento de R$ 170 milhões no terceiro trimestre representa o "fechamento de um ciclo de investimentos em expansão" da Gerdau. O seguinte será de transição entre esse foco e o mais direcionado a manutenção e atualização tecnológica. Com redução de 18% nas despesas entre julho e setembro, o ainda presidente da Gerdau afirmou que há mais esforços nesse sentido pela frente.
– Vamos continuar trabalhando na redução das despesas, nos ajustando à realidade do mercado. Há aumentos de custo de matéria-prima que impactam, e vemos espaço para continuar trabalhando. É importante para manter a competitividade do negócio frente a esse mercado desafiador. Também há oportunidade de aumento de eficiência na adoção de tecnologia digital – afirmou.
Em tom otimista, Johannpeter avaliou que a economia mundial está em "bom momento", que se reflete de forma positiva no consumo de aço, com projeção de fechar o ano com alta de 2,8%. Também apontou o bom desempenho do mercado automotivo em Brasil, China e Estados Unidos. Observou, porém, que a construção civil ainda está em ritmo baixo, com previsão de retomada para 2018.
– Por tudo isso, a competitividade das exportações a partir do Brasil é crucial para manter o nível de atividade no país – advertiu o empresário, que confirmou o total de R$ 3,2 bilhões acumulados até agora em operações de venda de ativos, a que se refere como "desinvestimento".