Desde o final da semana, um grupo de empresários, parlamentares e integrantes dos governos estadual e federal vem tentando encontrar um caminho para viabilizar a construção da Termelétrica Rio Grande. O projeto, que nasceu de uma consultoria passou para a gaúcha Bolognesi e foi comprado há duas semanas pela americana New Fortress Energy, teve autorização revogada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Conforme a assessoria da Aneel, não há documentos comprovando a transação.
Até o presidente Michel Temer foi acionado pelo deputado federal Darcisio Perondi (PMDB-RS). Segundo o parlamentar, o recado presidencial teria sido “não podemos perder esse investimento”. Na segunda-feira (9), uma reunião que entrou pela noite na sede da Aneel, em Brasília, deixou mais clara a situação do projeto: como o documento foi publicado nesta data, o empreendedor tem prazo até dia 19 para apelar da decisão. Conforme as regras da Aneel, esse recurso será avaliado por outro diretor. Quem votou pela revogação da outorga à usina foi Reive Barros dos Santos, de Pernambuco, nomeado ainda pela ex-presidente Dilma Rousseff.
Conforme Perondi, os mais recentes desdobramentos significam que a defesa do projeto passa a “operar em outro nível”. Existe mobilização, ainda, na prefeitura e na Câmara de Indústria e Comércio de Rio Grande, na Assembleia Legislativa. Agora, a bancada federal deve entrar no caso, aparentemente pacificado.
Marcos Tavares, da GasPorto, uma das empresas que conceberam e deram consultoria ao projeto, afirma que a Aneel foi receptiva e se dispôs a orientar os investidores americanos sobre as necessidades de documentação que podem respaldar o recurso. Ou seja, a perspectiva mudou.
Segundo Tavares, existe um contrato de compra e venda entre a Bolognesi e a New Fortress, que não teria sido entregue à Aneel por conter informações confidenciais. Uma das condições para que o contrato se concretize é a aprovação do projeto pela Aneel.
Em consulta anterior da coluna, o diretor-gerente da New Fortress Energy, Jake Suski, havia confirmado:
– Acreditamos que há falta de capital de risco no mercado de infraestrutura de energia e muitos projetos interessantes fracassam porque dependem de financiamento tradicional. Planejamos financiar nós mesmos o desenvolvimento e a construção.