Se não sair agora, talvez não saia mais. Anunciada em 2009, a usina térmica abastecida com gás natural liquefeito (GNL) em Rio Grande entrou para o portfólio de uma empresa ligada a um fundo de investimento que administra ativos de US$ 72 bilhões. O investimento previsto na usina com potência de 1,3 mil megawatts (MW) é de US$ 1 bilhão.
A New Fortress Energia anunciou nesta terça-feira (26) a compra do projeto conhecido como Regás, por incluir uma operação de regaseificação. O gás é liquefeito ao ser submetido a temperatura de 162ºC negativos e alta pressão, para permitir transporte em navios. Quando chega, é aquecido e despressurizado para retornar ao estado gasoso. Até agora, o plano era da Bolognesi Energia, gaúcha ligada à construtora de mesmo nome.
Em comunicado, o diretor-gerente da New Fortress Energy, Brannen McElmurray, afirma que a empresa está trabalhando com a Bolognesi e parceiros locais para "obter aprovações pendentes para que o projeto possa ser bem-sucedido e beneficiar o Brasil". Conforme Marcos Tavares, que ajudou a conceber o projeto, a New Fortress atua na extração de shale gas (gás de xisto) nos Estados Unidos. Como opera de forma integrada, teria controle sobre o custo. A empresa tem ainda projetos de GNL na Flórida (EUA) e uma parceria público-privada em fase de implantação na Jamaica.
Em apresentações no Estado, a New Fortress informou que não depende de financiamento. Usaria capital próprio e depois buscaria remuneração sobre os recursos. O projeto passou por leilão federal em 2014, primeira condição para se tornar viável, mas esbarrou na baixa capacidade de captação de investimento da Bolognesi. A previsão de começar a gerar energia está mantida para janeiro de 2021. Embora ainda exista ceticismo em relação ao projeto, que já teve ampliação de prazo, o governo do Estado está comprometido em fornecer as licenças ambientais necessárias.