Faltaram 124 pontos para que a bolsa voltasse ao patamar pré-recordes nesta segunda-feira (25). A queda de 1,26%, a mais acentuada em três meses, levou o Ibovespa a 74.433 pontos. O desempenho foi atribuído a vários fatores, dos quais o mais eloquente foi a escalada de agressões verbais entre Coreia do Norte e Estados Unidos. Houve até rumores de declaração de guerra, mas nem o desmentido acalmou os ânimos dos investidores.
Nos EUA, as bolsas também fecharam o dia no vermelho. O curioso é que, no país diretamente envolvido no conflito – por ora, só com mísseis de palavras – caíram menos do que no Brasil. É claro que, por ser especulativo, o mercado local sofre mais com aversão ao risco. Mas os episódios também foram usados para colocar no bolso os resultados do rally interrompido nesta segunda, na famosa "realização de lucros".
O fato de o ouro, ativo preferido em tempos de risco, ter subido 1,1% nos EUA reforça o peso da preocupação bélica, mas até pelo tamanho da valorização, é mais simbólica do que prática. A inquietação com o cenário externo também fez o dólar subir em relação ao real. A cotação de R$ 3,15 ainda é insuficiente para animar exportadores, mas é a mais alta da moeda americana no mês. Outro componente foi a declaração do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de que a reforma da Previdência tem hoje de 150 a 200 votos favoráveis – faltaria mais de uma centena, na melhor das hipóteses.
Analistas advertiam que o mercado de capitais estava otimista demais sobre a continuidade das reformas. Até agora, o Brasil era beneficiado pela onda de otimismo no Exterior. Passará a ser testado também por suas questões internas.