Marcada para a próxima quarta-feira (27), a oferta de áreas para exploração de petróleo no Brasil será um teste de fogo para a agora mais robusta ideia de descolamento entre crise política e recessão econômica. Mesmo com mais sinais de reação no painel de instrumentos, o avanço da atividade a despeito do constrangimento que cerca o Planalto ainda é uma tese em busca de comprovação.
No Brasil, recordes sucessivos da bolsa, índices de confiança em alta, vendas que começam a tirar o nariz do chão e emprego em ligeira ascensão robustecem a tese. Mas depois de três anos de dificuldades e esperanças frustradas, os brasileiros esperam uma chancela externa para a retomada. Essa confirmação pode vir com o interesse de petroleiras internacionais pelos blocos que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) vai licitar, pela primeira vez com a segurança da inclusão de áreas no pré-sal.
Conforme a ANP, 32 petroleiras confirmaram interesse em participar do leilão. É um número expressivo, mas distante dos registrados nas primeiras rodadas, quando passava de 40. Claro, o Brasil não faz ofertas a sério há uma década. Quando abriu licitações, fez apenas com áreas menos atrativas. Nesse período, o preço do barril caiu à metade, os carros elétricos se impuseram como alternativa global de médio prazo. Mas o caos em que o Brasil se meteu nos últimos anos é de tal forma relacionado a petróleo e seus derivados que muitos optaram por manter distância prudente.
Até blocos no litoral sul do Estado estão incluídos, mas cercados de ceticismo sobre seu potencial. Entre especialistas, há grande expectativa em relação ao papel da Petronas, empresa da Malásia que batiza as torres gêmeas do país. A petroleira tem operação discreta de lubrificantes no Brasil, mas seu poder de fogo pode dar combustão à disputa.