Eduardo Isdra Zachia, 38 anos, preside o Grupo Isdra desde 2016. Os negócios que nasceram com seu avô, Abraham Isdra, incluem a rede de hotéis Master, as indústrias Isdralit e Fibraplac e a incorporadora Astir, que lança nesta semana o Astir Center Mall, empreendimento na Avenida Nilo Peçanha que vai receber a primeira operação da rede francesa de equipamentos esportivos Decathlon no Estado. Segundo Zachia, essa ambição vai guiar a definição das demais operações do local.
O que é o empreendimento que a Astir inaugura nesta semana?
Vamos inaugurar o Astir Center Mall. Estamos apresentando o empreendimento como um todo, mas só vamos entregar, nesta etapa, um pavimento. Seguimos com obras internas do recheio dos dois pavimentos superiores. Trabalhamos com capital próprio, é um momento de crédito mais restrito e, apenas por isso, estamos fazendo entregas em fases. É um complexo. Para 2019, vamos iniciar a construção de uma torre residencial.
O piso que será entregue vai abrigar a Decathlon?
Exatamente. É um piso com uma única operação. O empreendimento foi estruturado para comportar grandes operações. Por isso não estamos chamando de shopping, porque as pessoas não vão entrar e ver um monte de corredores cheios de lojas. Buscamos ter poucas e grandes operações. A ideia é ter operações inéditas na Capital, como é a Decathlon.
Qual é o investimento total?
Não temos ainda o valor total. Por enquanto, supera a casa dos R$ 50 milhões. Mas como fachada, paisagismo, um pavimento e prédio garagem anexo estão prontos, não temos mais tanto investimento para fazer.
As demais operações estão em negociação?
Em alguns casos, estamos em fase intermediária de conversa, outros em em fase ainda de prospecção. Quando a gente fala em novidades e operações inéditas, muitas vezes lida com empresas que não querem vir para Porto Alegre, ou ainda não têm a cidade no radar imediato. Vamos lá provocar essa ideia e fazer, talvez, com que reorganizem seu plano de expansão porque surgiu uma oportunidade, a tal da negociação da ocasião. Essa é a dificuldade quando quer buscar apenas operações novas. Existem cadeias internacionais de restaurante que ainda não têm Porto Alegre no plano de expansão. Tem conversas razoavelmente adiantadas, mas são negociações longas porque, quando se fala em operações que não estão na cidade, o processo começa bem antes. Não tem ainda nada mapeado, precisam fazer estudo, conhecer a cidade.
Qual é a previsão de conclusão?
Gostaria de, até o final do primeiro semestre de 2018, ter uma operação nova no pavimento superior. E no segundo semestre de 2018, ter o empreendimento 100% ocupado e inaugurado. Então são entregas semestrais. A intenção é estar com 100% de ocupação para o Natal de 2018.
Quantas operações deve ter?
Depender das negociações. Não vai ter mais do que 10 e 15 operações. Mas pode ter muito menos, até três operações. Esse é um modelo bastante criticado, porque os especialistas em shoppings centers dizem que as grandes operações, as âncoras, remuneram menos, e a rentabilidade vem das lojas menores, as satélites. Mas nossa estratégia é de longo prazo. É um empreendimento pensado para 40 anos, que quer se perenizar na cidade, então tem outra estratégia: menos rentabilidade imediata e mais segurança de longo prazo.
Não é muito comum ter um empresário com doutorado em Filosofia. Assumir os negócios foi inesperado?
Hoje tenho 38 anos, fiz graduação e mestrado em filosofia na UFRGS. Em 2008, fui para o Canadá fazer doutorado. Voltei em 2013 e entrei no grupo como diretor da área de serviços, tocando a área de shoppings e hotelaria. Depois do falecimento do meu avô, Abraham Isdra, a partir de março de 2016 assumi a presidência. Sempre fui encaminhado para isso mas tive total liberdade de fazer minha própria formação. Como sempre fiz parte de uma família empresária e sempre fui muito próximo de meu avô, sempre tive esse cenário em mente, mas administrei carreira, minha formação acadêmica, à parte disso, buscando uma coisa independente que garantisse meu futuro se não desse certo.
Na Filosofia?
Buscava um futuro acadêmico, me preparei para ser professor universitário. Quando resolvi assumir um posto de gestão no grupo, tive de colocar de lado compromissos que já tinha. Voltei do Canadá com uma bolsa de pós doutorado do CNPq, já existia um concurso na UFRGS engatilhado para a minha área, ia ser professor universitário. Talvez tenha sido um erro. Nas próximas gerações, que vêm depois da minha, as pessoas que quiserem trabalhar na empresa vão ser preparadas para isso. Mas vejo a Filosofia como um diferencial competitivo como gestor, principalmente em uma época em que se fala de capitalismo consciente, da rentabilidade como consequência de um propósito bacana. Hoje tem muitos exemplos de empreendedores que se guiam por essas ideias.