A Decathlon abriu sua primeira loja no país em 2001, mas só agora confirma desembarque em Porto Alegre. Nascida na França, a rede de artigos esportivos prepara inauguração de duas unidades: uma no centro comercial que a Astir constrói na Avenida Nilo Peçanha e outra no Praia de Belas Shopping. Em bom português, e sem esconder o sotaque francês, o CEO da empresa no Brasil, Cedric Burel, deu detalhes sobre o projeto de expansão.
Leia a entrevista na íntegra:
A rede demorou 15 anos, mas, quando chegou a Porto Alegre, decidiu abrir duas lojas em menos de um ano. Por quê?
Porto Alegre está no projeto da Decathlon há muitos anos. Inicialmente, a rede se concentrou no Sudeste. No início, a empresa diminuiu a abertura de lojas. Nos últimos, abrimos mais unidades. Porto Alegre sempre foi vista como mercado com potencial. A abertura de duas lojas está relacionada à oportunidade de parcerias locais.
O empreendimento (da Astir) responde a critérios de tamanho, custo e acessibilidade. Em seguida, tivemos oportunidade (no Praia de Belas Shopping) de ter uma operação rápida. O fato de abrir duas lojas em seguida é algo que não podíamos deixar passar. Não é uma mudança de Porto Alegre que fez com a rede chegasse, mas o momento da empresa permite acelerar no Brasil.
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Qual a previsão para a abertura das lojas?
A projeção para a primeira loja (na Nilo Peçanha) é setembro deste ano. A inauguração da segunda (no Praia de Belas) é estimada para o primeiro semestre de 2018. Acho pouco provável que seja aberta antes.
Como serão as lojas de Porto Alegre?
A primeira loja será maior, com 3,5 mil metros quadrados. Haverá bastante espaço para exposição de produtos grandes, como barracas. A segunda unidade será um pouco menor, com 2,5 mil metros quadrados. Terá produtos um pouco menores. Mas em todas as lojas Decathlon é possível encomendar qualquer item do catálogo e solicitar entrega nos pontos de venda. As duas unidades de Porto Alegre terão acesso a 100% do catálogo.
As lojas de Porto Alegre terão adaptações ao público gaúcho?
Cada loja tem autonomia para adaptar sua oferta à prática esportiva da cidade. Estamos nos adequando aos esportes mais praticados pelos porto-alegrenses. Isso vai evoluir com o tempo. Se o cliente responder a algum tipo de oferta, vamos adaptar os produtos. Temos expectativa em relação aos itens usados em locais mais frios, como Porto Alegre. Boa parte das nossas ofertas é de produtos vendidos na Europa para prática de esportes em locais mais frios.
Quantos funcionários serão contratados para as lojas gaúchas?
Serão 40 pessoas na primeira loja. Na segunda unidade, por ser um pouco menor, de 30 a 35 vagas serão abertas. No total, serão cerca de 70 oportunidades diretas, sem contar terceirizados.
Como foi possível, com a economia no segundo ano de recessão, que a Decathlon tivesse em 2016 seu primeiro resultado positivo no Brasil desde 2001, com alta de 15% no faturamento?
São dois fatores. O primeiro é a busca da Decathlon para deixar o esporte acessível ao maior número de pessoas. Procuramos manter preços baixos. Em momentos de crise, como em 2015 e 2016, o consumidor pesquisa mais. Isso traz mais clientes para a rede. O segundo fator é que a notoriedade da Decathlon vem crescendo no Brasil, principalmente nos Estados em que já atuamos.
E quais as projeções da Decathlon para 2017?
O ano começou muito bem. Continuamos com o mesmo nível de crescimento de 2016, de 15%. A retomada da economia vai acelerar a compra de artigos esportivos. A prática de esportes vem crescendo no Brasil há muito tempo. Planejamos crescimento de 15% neste ano. São 21 lojas em operação no Brasil. A primeira unidade de Porto Alegre será a 22ª.
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Quantas lojas a rede quer ter no Brasil?
Temos plano concreto que fará com que a Decathlon chegue a cem lojas no país em 10 anos. Estamos em fase de expansão rápida, tanto no Brasil quanto em outros locais. Na França, com menos habitantes, mas com poder aquisitivo médio um pouco maior, há cerca de 230 lojas. Cabem mais operações nas grandes capitais do Brasil. A Decathlon está em 30 países.
A expansão da Decathlon no Brasil tem atenção especial a alguma região?Estamos concentrados, em primeiro lugar, na Região Sudeste. No médio prazo, pretendemos ir para o Nordeste. Antes, estamos encontrando espaço nas regiões Sul e Sudeste.
Qual é o público que a Decathlon quer atingir no Brasil?
Há diferença de renda entre Brasil e Europa. Mas isso não importa tanto. Os preços da rede cabem tanto na classe média, com um pouco menos de renda, mas também para jovens com maior renda familiar. Também é interessante a possibilidade de praticar mais de uma modalidade esportiva. É algo comum na Europa. A Decathlon possibilita a "multiprática", com produtos para diferentes modalidades.
Em Porto Alegre, desejamos interagir com a sociedade. Queremos trabalhar em conjunto com clubes e associações na organização de eventos. Não queremos ser só uma loja, mas, sim, um ponto de referência para quem pratica esportes.