Um importante indicador que mede o desempenho do varejo mostra que o setor pode mesmo estar começando a sair da crise, desafiando o crescimento do desemprego, a queda da renda e a turbulência política. Todas as redes de capital aberto que até agora divulgaram seus resultados relativos ao primeiro trimestre de 2017 reportaram aumento nas vendas no conceito de mesmas lojas, que considera apenas os pontos que já existiam em igual período do ano passado. Ou seja, refletem melhor desempenho, seja pela alta do fluxo de clientes ou melhor gestão.
As gaúchas Lojas Renner e Grazziotin, por exemplo, conseguiram incremento de 9,1% e 9,9%, respectivamente. Restoque (Le lis Blanc e Dudalina) conseguiu melhorar o indicador em 17,8%. Outras empresas que nos últimos meses vinham decepcionando os investidores, como Pão de Açúcar e Hering, também apresentaram números mais sólidos e viram suas ações dispararem na sexta-feira – 15,9% e 9,4% –, dando mais impulso ao movimento de alta observado desde o início do ano.
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Outra companhia titubeante, a Via Varejo, das bandeiras Casas Bahia e Ponto Frio, registrou alta de 2,5% entre janeiro e março nas mesmas lojas. Mais forte nos últimos anos, a Raia Drogasil, de farmácias, elevou o desempenho em 10,5%.
Sinais de melhora na economia, liberação de FGTS de contas inativas einflação em declínio são as principais justificativas que aparecem nos relatórios do trimestre. Mesmo que essas companhias sejam a nata do varejo e, devido à administração mais profissionalizada, apresentem melhor desempenho do que a média, o setor como um todo deve começar a se recuperar da crise, não se sabe se agora ou mais para o fim do ano.
Essa afirmação, aliás, é do presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), Flavio Rocha, que comanda a Riachuelo. O índice antecedente da entidade mostrou, na semana passada, que as vendas caíram 1,6% em março ante igual mês do ano passado.
Mas a projeção é de crescimento de 2,7% em abril, de 3,8% em maio e de 3,9% em junho. Conhecidos por anteciparem os movimentos da economia real, os investidores foram às compras de ações de varejistas na bolsa brasileira. O setor tem um dos melhores desempenhos no ano, acima do índice Ibovespa.
Valorização das ações no ano:
Restoque: 45,8%
Hering: 45,6%
Pão de Açúcar: 31%
Renner: 25,6%
Grazziotin: 17,8%
Via Varejo: 10,8%
Raia Drogasil: 10,2%
Ibovespa: 8,6%
*Interino