Resultado da crise, o desalento em relação à volta ao mercado de trabalho cresceu nos últimos meses, avalia a Fundação Getulio Vargas (FGV). A estatística toma emprestado o nome do sentimento para descrever um comportamento: desempregados que nem tentam procurar colocação por duvidar de que serão bem-sucedidos. A FGV inclui na definição ainda quem sai do emprego por perda de renda e quem nunca trabalhou e identifica que não é o melhor momento para começar.
– Essa situação é observada em crises prolongadas. Ainda estamos no campo negativo. Projetamos melhora no mercado de trabalho em meados de 2017 – diz Bruno Ottoni, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre).
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Está no desalento, conforme Ottoni, uma explicação para o fato de a taxa de desemprego em outubro (11,8%) ter se mantido no mesmo patamar dos dois trimestre anteriores, nos dados da Pnad Contínua. É bom lembrar que a metodologia considera apenas os que estão em busca ativa por vaga.
Motivo de inquietação sobre a correta dimensão do problema agora, o desalento inverso ameaça inflar a taxa quando – e se – a economia começar enfim a dar sinais de recuperação. Será o momento de testar o mercado, elevando o contingente de desempregados.