A privatização de quatro aeroportos no Brasil, incluindo o Salgado Filho, em Porto Alegre, interessa à empresa espanhola Ferrovial Agroman, que atua em construção e administração de estruturas logísticas em todo o mundo.
O diretor-presidente da empresa, Alejandro de la Joya, afirmou nesta quinta-feira, em Madri, que a empresa vai avaliar todas as oportunidades mas ainda não definiu para qual de fato fará oferta porque ainda não foram definidas as regras do processo.
– Temos interesse nos quatro aeroportos, mas ainda não podemos avançar no processo de definição porque não conhecemos as condições – afirmou De la Joya, esclarecendo que o interesse está focado em novos processos de concessão, não em eventuais relicitações de aeroportos já sob gestão privada.
A Ferrovial Agroman tem proximidade com o Rio Grande do Sul pelo consórcio formado com a empresa gaúcha Toniolo Busnello, que saiu vitorioso na licitação para duplicação de um trecho entre São Paulo e Curitiba da BR-116, em 2014, pelo qual fez uma oferta de R$ 224,8 milhões. O projeto tem três túneis, um dos quais de 747 metros de extensão, e cinco viadutos, entre os quais o maior tem 845 metros. Esse projeto marcou a estreia da empresa no Brasil.
O programa brasileiro de concessões também interessa à espanhola Abertis, que já está presente por meio da subsidiária Arteris, que tem mais de 3 mil quilômetros de estradas administradas no Brasil, 21% das autoestradas pedagiadas. Seu diretor financeiro, José Aljaro, afirmou que há grande expectativa sobre as concessões no Brasil neste momento em que, segundo ele, "não tem mais como piorar", porque chegou ao fundo do poço.
– Vemos o Brasil como uma grande oportunidade, embora tenhamos preocupação com a crise política e econômica. Vemos uma ligeira recuperação, que podemos medir por um ainda discreto aumento no fluxo de caminhões nas estradas que administramos em relação aos meses anteriores – detalhou Aljaro.
O executivo acrescentou que estará no Brasil nas próximas semanas para "estudar como fazer mais no país", que já absorve o maior percentual de investimentos em termos anuais da empresa.
– Esperamos pelo Plano de Investimentos em Logística (PIL), que ainda não está aprovado. Mas temos muitos acordos já negociados, e a infraestrutura pode levar ao Brasil um volume importante de investimentos, que pode ser a alavanca para o país voltar a crescer entre 2% e 3% ao ano – afirmou o executivo.
As empresas participaram do painel Obra de Infraestrutura no 15 Encontro Santander América Latina. O banco anunciou, dois dias antes, que está disposto a financiar US$ 5,3 bilhões no segmento nos próximos três anos. O secretário-executivo do Programa de Parceria de Investimento do governo Temer, Moreira Franco, deveria ter participado do encontro mas cancelou às vésperas, alegando que precisava concluir a formatação do plano.
* A jornalista viajou a convite do Santander