A pergunta de um milhão de dólares – ou de vários bilhões – é sobre o futuro da cotação do dólar. Nesta quinta-feira, em mais um dia atípico – bolsa volátil, mas em alta –, a moeda americana também subiu. O “normal” é que os dois mercados tenham sinais opostos. Depois de voltar a circular acima de R$ 3,70, fechou em R$ 3,69, o maior valor em três semanas.
Do dólar, dependem duas variáveis essenciais da economia neste momento: inflação e exportação. Se a cotação cair, os preços cedem, mas as empresas brasileiras perdem competitividade no mercado externo. Presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro explica o tamanho da encrenca para o país:
– Empresas exportadoras têm de se lançar ao mercado externo, porque o interno fechou. É a chance de se sustentar por um período cuja duração não se sabe.
Exportadores, porém, ainda reclamam. Se antes o problema era o real valorizado, qual seria agora? A oscilação, responde a maioria. Castro explica que os contratos de exportação preveem entregas entre seis meses e três anos. Na hora da venda, é preciso se comprometer com um preço sem saber qual será o custo da produção.
– Se o custo aumentar e o real se valorizar, o exportador perde duas vezes – argumenta Castro.
Essa é uma das teses para o comportamento ainda tímido das exportações. A balança comercial melhorou, mas mais devido à queda na importação do que ao aumento das vendas ao Exterior. Castro confessa que, no final do ano passado, era mais otimista, embora projetasse para esse período um dólar mais alto do que o atual. O presidente da AEB diz estar reticente sobre a hipótese de fechamento de acordo Mercosul-União Europeia. Se sair, atribui o avanço ao “efeito Macri" – a flexibilização da política de comércio exterior argentina.