Nesta semana, o alto grau de tensão na política se eleva com a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O resultado na comissão, antecipam governo e mercado – com forte alta da bolsa e idem queda do dólar na sexta-feira – deve ser favorável à abertura do processo. A dúvida fica para o plenário, onde a opinião de deputados virou objeto de negociação em praça pública, dos dois lados do balcão.
Até agora, todas as tentativas do governo de reorientar a economia foram recebidas com indiferença ou desdém. O debate sobre a eficácia de injetar dinheiro no sistema em estresse neste momento perdeu sentido depois que o próprio Banco Central (BC) reconheceu: não haverá disposição de tomar ou conceder empréstimos enquanto não houver recuperação da confiança. Ou seja, o BC chancelou a metáfora de que se pode levar o cavalo até o rio, mas não se pode obrigá-lo a beber água.
Conforme indicou o presidente do Santander do Brasil em entrevista à Folha de S.Paulo publicada neste domingo, enquanto votos e parlamentares são negociados em praça pública, cavalos e água tentam resolver a sede em privado. Segundo Sérgio Rial, o que segura o sistema em estresse, mas sem se espatifar, é a disposição dos bancos de "prorrogar, refinanciar, repensar, redesenhar tudo". Não porque os bancos resolveram fazer o papel de cola em uma economia em cacos, mas porque a alternativa seria pior, inclusive para os eles.
Todo o esforço financeiro está concentrado na sobrevivência. Não se trata de saciar a sede presente ou futura, mas construir canais de irrigação para a falta de liquidez vinculada ao passado.