Todo dia pela manhã, na reunião de pauta, a editora Milena Schoeller mostra a audiência das notícias mais lidas no site, mobile site e aplicativos de GaúchaZH. Nesta sexta-feira, chamou nossa atenção um dado: a reportagem "Veranistas comemoram primeiro dia de mar cristalino no Litoral Norte" teve 30 mil acessos, enquanto "Praias de Canasvieiras e Jurerê, em Santa Catarina, estão impróprias para banho" chegou a 67 mil. A notícia ruim obteve mais do que o dobro de acessos do que a notícia boa. Claro que não são comparáveis, mas é um bom exemplo de algo que temos observado: as boas notícias nunca alcançam a audiência das más.
Publicar mais assuntos negativos do que positivos é um tema de debate em redações e de crítica dos leitores desde que os jornais existem. "Todos os aviões decolaram e pousaram ontem no mundo" não é notícia, mas "Avião cai e mata tantas pessoas" é, ainda que seja unzinho só, contra milhares que aterrissaram bem.
No dia 26 de dezembro, quando publicamos a capa abaixo (à esquerda), do nosso mar chocolatão, houve muita reclamação de leitores. "Mar chocolatão recebe os veranistas no litoral gaúcho" era o título interno. O primeiro fim de semana oficial da temporada apresentou mesmo um mar com um tom marrom acima da média. Má vontade do jornal? Puxamos pra baixo? Ou retratamos o fenômeno como devem fazer os jornalistas?
A leitora Marília Gerhardt de Oliveira mandou um e-mail assim: "Em 50 anos, jamais estive numa Capão da Canoa tão limpa, florida, com ruas bem-conservadas, meios-fios pintados, gramados cortados, lixo recolhido, sem animais abandonados vagando, com passarinhos por toda parte, iluminação de Natal simples e bonita, calçadão organizado, banheiros para uso sem mau cheiro. Chocolatão? Certamente, no Natal choveu e o mar estava revolto. Isso significa areia junto à água. Areia colore o mar. Lamentável não reportar o belo, o bom. Valorizar e não denegrir".
Nesta sexta-feira, publicamos na capa a linda imagem acima (à direita), mostrando o fenômeno da água cristalina a la Caribe registrado na quinta-feira – cuja reportagem não foi tão acessada. E na edição deste fim de semana, comparamos os dois dias na capa.
Minha opinião? Sim, tendemos, todos nós, a falar mais do que saiu mal do que daquilo que vai bem. Na conversa do bar ou nas páginas dos jornais. Aqui em ZH, uma das diretrizes para 2018 é, sim, ser mais construtivo, publicar com ênfase os bons exemplos, debater muito mais a solução do que ficar chafurdando nos problemas. Como pediu a leitora no final do seu e-mail, "que 2018 inspire a editoria da ZH construtivamente. Manteremos a esperança em textos e fotos que reflitam o todo e, quem sabe, o melhor de cada um de nós". Assino embaixo, cara leitora. E deixo a reflexão para os leitores: por que reportagens negativas têm sempre maior audiência?