Nessa semana, a coluna se dedica a contar casos curiosos, bizarros ou até pitorescos no mundo do futebol. É o esporte avançando em limites sociopolíticos e geográficos dos países. O segundo episódio da série conta a história da seleção de Israel, país que já fez parte de três confederações e atualmente disputa os torneios europeus.
Mesmo pertencendo ao continente da Ásia, Israel, já há quase 20 anos, disputa as Eliminatórias da Uefa para Copa do Mundo e Eurocopa. E a regra vale para os clubes israelenses também, que atuam na Liga dos Campeões e Liga Europa. Isso por conta de uma exceção geográfica motivada por uma razão política. O objetivo é a paz.
Israel fez parte da confederação asiática de futebol de 1954 a 1974, sediando, inclusive, a Copa da Ásia em 1964. Pois entraram questões políticas e até religiosas a partir de então. Existem tensões entre as nações do Oriente Médio, principalmente por conta do duelo histórico com a Palestina (conflito israel-palestino), tornando inviáveis os jogos entre as seleções na região.
Boicotes e a Copa de 1958
Começaram a acontecer inclusive boicotes dos times árabes diante do futebol israelense (seleção e clubes). Na temporada de 1958, por exemplo, Israel venceu todas as partidas de uma qualificatória para a Copa do Mundo por W.O. Os participantes da Ásia e da África, de predomínio islâmico (Turquia, Sudão e Egito, por exemplo), recusaram-se a entrar em campo para enfrentar os times israelitas.
Por conta disso, a Fifa foi obrigada a criar uma repescagem, inventando mais uma chance para País de Gales, que não conseguiu classificação via Europa. Os galeses enfrentaram Israel e conseguiram a vaga para a Copa do Mundo. Posteriormente, em 1974, o futebol israelense foi excluído da entidade asiática.
Chance na Oceania e pedido aceito na Uefa
Israel, durante os anos 1980, transitou nas competições europeias e oceânicas. Aliás, para as Copas do Mundo de 1990, a seleção chegou a disputar as Eliminatórias da Oceania, conseguindo vaga para a repescagem, mas sendo eliminada pela Colômbia, que seguiu adiante para disputar o torneio mundial.
A partir de 1991, Israel voltou-se fortemente a participar das competições europeias, sendo finalmente aceito como membro da Uefa em 1994, 20 anos depois de ser excluído da confederação da Ásia. Desde então, os times invariavelmente disputam torneios como a Eurocopa (seleção) e Liga dos Campeões (clubes).
Obviamente o nível europeu "abafou" e segue "abafando" os resultados de Israel no futebol. Nunca mais obteve vaga para uma Copa do Mundo. Aliás, a única participação israelense no principal torneio de futebol foi em 1970, quando foi eliminada na fase de grupos. A chave contava com Itália, Uruguai e Suécia.
No ranking da Fifa, Israel ocupa a 93ª posição. O esporte é bastante popular, levando milhares de torcedores ao estádio. O jogador mais famoso, pelo menos na Era Moderna do futebol, era Yossi Benayoun, que se aposentou em 2019.
O meia, bicampeão israelense com o Maccabi Haifa, ficou reconhecido por transitar em grandes clubes europeus como Liverpool, Arsenal e Chelsea, todos da Inglaterra. Benayoun é o atleta com mais partidas pela seleção: 102 no total.