O melhor piloto precisa do melhor carro. A frase é da série que conta a vida do tricampeão mundial Ayrton Senna. O brasileiro que é apresentado como um perseguidor voraz da excelência, um gênio que entende todo o processo e só mira o lugar mais alto do pódio. Subir a régua é sua missão. Mas que missão difícil é convencer os que não enxergam o que ele vê com a maior clareza.
Senna começa na Fórmula 1 quando o romantismo, os tempos que os pilotos decidiam os campeonatos, está acabando. No meio dos 1980, os motores e os primeiros passos mais tecnológicos dos carros já ganhavam mais espaço na construção de uma vitória. Na Lotus, sua segunda equipe na F1, já ganha GPs, mas Prost, na McLaren, e Piquet, na Willians, ganham mais provas porque também são ótimos e seus carros são melhores. Piloto top + carro top = vitória.
No futebol brasileiro que vive seus primeiros anos na nova era das SAFs e dos milionários Flamengo e Palmeiras, pilotos melhores com carros melhores vão ganhar mais vezes. Em 2017 quando o Grêmio conquistou seu tricampeonato da Libertadores, Flamengo e Palmeiras tinham um título cada um. Hoje eles também são tricampeões e o Botafogo, quem diria, ainda deve estar festejando sua conquista no último sábado contra o Atlético-MG, na final brasileira que fez história. Foi a primeira de SAF x SAF.
Nesta quarta (4), no Beira-Rio, se você olhar as listas de relacionados para o jogo Inter e Botafogo, não haverá susto. O grupo dos cariocas tem mais quantidade e qualidade. O lateral Cuibano teve uma lesão mais grave e trouxeram o Alex Telles para o seu lugar, mas o Marçal seguiu por lá. O Grêmio quis o atacante Júnior Santos que não foi vendido, e o John Textor ainda mandou comprar o Luiz Henrique, mesmo com o Igor Jesus e o Tiquinho Soares no clube.
Sim, o Brasileirão ainda não está decidido, e o Inter pode ganhar e ajudar o Palmeiras, que não é SAF, a seguir na briga com o Botafogo. Mas o Palmeiras não é SAF porque não quer. Ainda. Ele teve um presidente chamado Paulo Nobre que tem muito dinheiro e emprestou vários de seus milhões ao clube sem juros e sem prazo para pagamento. O Flamengo tem a maior torcida do Brasil e receitas de publicidade que são cinco vezes maiores que as da nossa dupla Gre-Nal.
É claro que você já percebeu que no texto e no campo, Grêmio e Inter são coadjuvantes nesse novo mundo da Fórmula 1 do nosso futebol, né? A verdade é dura e só não a vê quem não quer, ou não consegue porque não tem vocação e talento para subir a régua. Está nas mãos dos conselhos deliberativos a decisão de qual será a briga da dupla Gre-Nal por um lugar no grid. As torcidas estão muito bem acostumadas e não vão querer seguir perdendo. É questão de tempo. Quem nasceu, cresceu e venceu como Senna não se contenta com o lugar do Nakajima.