A Conmebol não brinca em serviço. Se ela já ama quando um time brasileiro está na final da Libertadores, imagine dois? Com o aumento das vagas e a competição espalhada pelo ano todo, o maior país do continente virou o passaporte para a riqueza da entidade que comanda o futebol sul-americano.
Desde 2017, o Brasil só ficou de fora uma vez, na final River x Boca, em 2018. Em 2019, o Flamengo estava lá; em 2020, Palmeiras x Santos; em 2021, Palmeiras x Flamengo; em 2022, Flamengo x Athletico e, no ano passado, o Fluminense. Nas últimas sete edições foram seis campeões brasileiros e três finais verde e amarelas. E quer saber a melhor notícia? Isso não vai mudar.
A explicação para a felicidade da Conmebol está, obviamente, nas fortunas arrecadadas com receitas publicitárias. Porque a diferença do Brasil para os outros países nesta área é tão grande quanto a diferença de investimento da SAF do Botafogo para o Peñarol. Uma prova da estratégia que busca o maior lucro foi o movimento de volta para a TV Globo, no ano passado.
Vale lembrar que, no início da pandemia da covid-19, a Globo quis renegociar os valores e recebeu um rotundo não como resposta. As relações entre as partes, que já durava décadas, azedou e a Libertadores foi parar no SBT.
O problema, para a Conmebol, é que a rede de Silvio Santos não conseguia vender todos os espaços publicitários e as audiências médias ficavam longe das antigas alcançadas nos tempos da Globo. Ruim para os dois lados. Sem audiência alta, menos exposição, menos patrocinadores, menos dinheiro. Eureka! Era hora de reatar a "velha amizade" e voltar para casa.
A Globo fez concessões importantes como exibir os patrocinadores da competição e não apenas os que ela vendia e o casamento está tranquilo, cheio de amor, patrocinadores e audiências.
Na Argentina já se fala na urgência de uma solução que passa pela criação de um modelo da SAF para os clubes que não conseguem mais competir com os brasileiros. Por lá isso já foi tentado, bem antes daqui, mas não deu certo e aí mora o temor de muitos. Mas a verdade é que sem uma solução que injete mais dinheiro nos clubes, derrotas para os nossos times serão rotina na vida dos hermanos que ainda são donos do maior número de conquistas. A Argentina tem 25 títulos e o Brasil tem 23. Que serão 24 no próximo dia 30, na grande final entre Atlético-MG x Botafogo, em Buenos Aires.
E como o assunto da coluna é dinheiro, o campeão vai embolsar 23 milhões de dólares em premiações da Conmebol, uma fortuna de R$ 132 milhões e os dois finalistas são SAFs, mas isso é outro assunto, né dupla Gre-Nal? O que importa é que no maior estádio da Argentina, palco que recebe os jogos da seleção tricampeã do mundo, dois brasileiros vão disputar a final de uma Libertadores. Puerto Madero e Palermo lotados de mineiros e cariocas gritando que são pentacampeões do mundo.
Que inferno para eles. Que delícia para nós. E vale relembrar a melhor notícia? Isso não vai mudar. O que poderia mudar é o nome da competição. Sai Libertadores da América, entra Brasileirão da América.
Chora, Argentina.