O Vitor Ramil um dia contou que ouviu do Jorge Drexler a palavra-tese: Ilexlândia. Se me lembro bem, o Vitor tinha mencionado ao seu amigo uruguaio algo sobre as afinidades entre sul-rio-grandenses, uruguaios e argentinos (e outros ainda, catarinenses, paranaenses, sul-mato-grossenses, paraguaios também), e o Drexler veio com essa explicação:
— É que somos todos habitantes da Ilexlândia.
A terra da Ilex Paraguaiensis, a erva-mate.
É uma linda maneira de lidar com o caso. Somos tomadores de mate, herança guarani. Uma prática óbvia para nós, que tomamos mate desde antes de nascer, que aprendemos vendo, ouvindo, cheirando, experimentando um golinho, depois outro, e em seguida estamos aprendendo a armar a erva na cuia e a compartilhar momentos de mateada.
Eu ganhei minha primeira bomba de joalheria — onde mais neste mundo se vende bomba de prata em joalheria, fora da Ilexlândia? — quando fiz 15 anos. Minhas irmãs ganharam um anel, se bem lembro, e eu ganhei essa outra joia.
Essas considerações vadias me ocorreram porque esses dias o Guto Leite, colega e amigo nascido em Minas e aqui residente já há uns bons anos (e com dois filhos nascidos aqui), postou no Facebook uma declaração sobre o tema: disse que finalmente estava disposto a começar a tomar mate, e por isso pedia instruções, sugestões, orientações.
Bastou ler isso e essas lembranças e impressões todas começarem a correr na minha cabeça. Quantas vezes eu já tomei mate? Quantas vezes deixei entupir a bomba? Quantos mates maravilhosos já tomei, como em geral são os 4 ou 5 primeiros (mas após a primeira dose de água quente, é claro)?
E quanto tempo demorará até o Guto ter clareza sobre a erva que prefere, a temperatura exata da água, a hora justa do dia, até mesmo o lugar da casa mais apropriado? Quantos pensamentos vai pentear ao tomar mate? Quantas ideias vão brotar de sua fértil mente?