Há uns quantos livros que tenho vontade de ler de novo. Ou porque quero estudar mais o que disse o autor, ou porque percebo não haver entendido direito tudo, ou porque constato que tenho muito ainda a tirar de proveito de suas linhas e entrelinhas. Ou, talvez, porque quero reviver o grande gosto que tive na primeira visita. Ou, quem sabe, por tudo isso junto.
Assim é com Do que Riem as Pessoas Inteligentes? – Uma Pequena Filosofia do Humor, de Manfred Geier (tradução de André Delmonte e Kristina Michahelles, editora Record, 2011). Esses dias, preparando o estoque de livros para levar numa viagem a trabalho – sou daqueles que lê com grande prazer em ônibus e avião, e lê livros de papel, coisa cada vez mais rara, pelo que posso perceber nesses ambientes – , me peguei pensando: bá, vou levar aquele Geier porque ainda não terminei de lê-lo.
Dei de mão no volume e, surpresa: não apenas já li o livro todo como o sublinhei e anotei fartamente (o que inclui palpites a desenvolver em outro momento, aproximações com outros escritores, outros livros, hipóteses de textos a escrever). Não deve interessar a ninguém, mas minhas notas são de dois tipos: uma no corpo do texto mesmo, com sublinhas e algumas palavras nas margens, e outra nas páginas em branco do começo do volume, mais desenvolvidas.
Agora me pego de novo preparando uma viagem e mais uma vez resolvo levar este Geier comigo, porque ainda quero aprender muito com ele. Com sua descrição da posição de Platão, aquele mala, pai da filosofia e/mas inimigo do riso, logo um ponto sólido de partida para o livro, que depois passeia por figuras saborosas, como os gregos Demócrito, chamado de “o filósofo que ri”, e Diógenes Laércio, tido como cínico, aquele que defecava em público e vivia a céu aberto.
Isso e mais Kant, sim, ele mesmo, tido como turrão e metódico, mas amigo do riso, e Freud, para quem o riso era algo de vital, passando de leve por Montaigne. Uma beleza de viagem, que me foi sugerida anos atrás pelo Giba Assis Brasil e que eu ainda não terminei de aproveitar.