Daonde que tiraram que tudo que a gente faz tem que dar certo?! Tirei isso que segue do livro do Bill Bryson sobre o maior entendedor da alma humana: William Shakespeare! Estudiosos contaram cada palavra que ele escreveu, registraram cada ponto, cada vírgula.
E eles podem nos dizer (e disseram) que as obras de Shakespeare contêm 138.198 virgulas, 26.794 dois pontos e 15.785 pontos de interrogação. Seus personagens se referem ao amor 2.259 vezes; ao ódio, apenas 183. Shakespeare escreveu 884.647 palavras, em 118.406 linhas.
Já Federer, num discurso de formatura da Universidade de Dartmouth, em New Hampshire, nos Estados Unidos, largou essa verdade aqui: “Das 1.526 partidas de simples que joguei na minha carreira, ganhei quase 80%. Agora tenho uma pergunta para vocês: que porcentagem de pontos vocês acham que eu ganhei nessas partidas? Apenas 54%. Em outras palavras, mesmo os jogadores de tênis mais bem classificados ganham apenas um pouco mais da metade dos pontos que jogam”.
E como lembramos dele? Um vencedor, um dos maiores de todos os tempos. E que a gente agora sabe que ganhou apenas metade dos pontos que disputou nas partidas de tênis que venceu.
Shakespeare e suas 884 mil palavras escritas arregaçou a alma humana repleta de bondade e maldade, felicidade e desespero. E a frase que mais repetimos dele é: “Ser ou não ser, eis a questão”.
Dois gênios nas suas artes. Dois acima da média. Dois dos melhores humanos em suas funções na história humana na Terra. Um perdeu metade dos pontos nas suas vitórias. Outro, de quase 1 milhão de palavras, é lembrado, muitas vezes, por uma frase só.
Quem foi que disse que tudo que fazemos tem que ser certo?! Quem foi o filho da mãe que despejou isso nos nossos ombros?! Como saímos ilesos dessa pressão? Ué! Fazendo como Federer e Shakespeare. “Errando” bastante, mas, em cada linha, em cada ponto, em cada frase e em cada raquetada na bola, fazendo tudo isso com extremo, intenso e inesgotável amor. Até que a morte nos pare. Até porque uma hora a gente acerta.