Vamos fazer uma viagem no tempo. Quem acompanhava as transmissões da Fórmula-1 com Galvão Bueno, relatando os feitos de Ayrton Senna nas manhãs de domingo, lembra que o narrador da Globo usava a expressão "na ponta dos dedos" para enaltecer todos os cuidados do piloto brasileiro para conduzir a McLaren nas últimas voltas da corrida até a vitória.
É possível fazer uma analogia com o momento vivido pelo Inter no Brasileirão. Com vantagem aberta em relação aos principais adversários na briga pelo título — Flamengo e Atlético-MG — o Colorado só depende dele para cruzar a linha de chegada na frente dos rivais. O time de Abel Braga necessita manter a cabeça no lugar. Jogar com a tranquilidade de saber que tem a vantagem. Mas isso não pode significar acomodação.
Apesar da importante vitória, a partida contra o Bragantino mostrou um Inter com algumas dificuldades. O próprio Abel Braga falou, na entrevista coletiva pós-jogo, que o desempenho da equipe na primeira etapa foi apenas razoável.
Tanto que o treinador sacou Caio Vidal no intervalo. O guri criou pouco no ataque. Muito isolado na frente, Yuri Alberto teve que batalhar contra os marcadores. Praxedes ficou abaixo do desempenho das partidas anteriores. Quando foi colocado em campo, Marcos Guilherme, entrou com tarefas de marcação. Após a vantagem do 2 a 1, no segundo tempo, o Colorado foi entocado pelo time paulista no campo de defesa. É uma postura perigosa.
No final, o Inter correu muitos riscos de sofrer gols. Se não fosse Marcelo Lomba, o resultado seria outro. É hora de foco total. Corrigir os pequenos problemas, com pé no chão. Conduzir a reta final do Brasileirão "na ponta dos dedos".